“Se não actuarmos já, quando já deveríamos ter actuado ontem, não há duvida nenhuma que a geração dos nossos filhos e nossos netos vão encontrar uma situação particularmente explosiva”. Quem o diz é Fernando Nobre que apresentou quinta-feira, no Arquivo Municipal Shopia de Mello, em Gaia, a convite do Filipe Menezes, o livro “Humanidade“.

O candidato à Presidência da República aproveitou a ocasião para deixar alguns recados à actual gestão do país. “Olho para o nosso país e vejo que está numa situação de uma hérnia estrangulada”, entende. Nobre alegou que, sendo um cirurgião, tem obrigatoriamente de intervir nesta “operação”. “Tem que haver alguém que dê ânimo a um país que está num estado de depressão colectiva, para não dizer num estado de anestesia”, explica.

“O maior desafio que iremos encontrar é a democracia”

O presidente da AMI alegou que, depois de vinte anos em Bruxelas, podia ter-se tornado belga mas decidiu “voltar às raízes”, porque entendeu que “podia dar um contributo” a Portugal. “A minha experiência de vida pode ser útil ao país”, salienta. Enobrecendo, no entanto, a sua experiência no estrangeiro, Nobre apontou algumas medidas de prevenção que têm que ser realizadas o quanto antes. “Nós temos que ser particularmente criativos, empreendedores e dinâmicos para poder dar a volta ao texto”, refere. Para Fernando Nobre, hoje é preciso “tomar as previdências necessárias para reagir a situações de atrito, porque o maior desafio que iremos encontrar é a democracia”. “Se nos acomodarmos e se estivermos distraídos, um dia acordamos e não temos democracia”, afirma.

Falando, ainda, sobre o problema do aquecimento global que, diz, mais tarde ou mais cedo irá afectar Portugal, Fernando Nobre entende que a agricultura “vai ser muito prejudicada” e que, por isso, “é preciso antecipar, é preciso prever e ter uma gestão estratégica.”

Fernando Nobre não deixou de falar nas comunidades portuguesas espalhadas por todo o mundo, denunciando que as mesmas “não têm a atenção necessária, quando o contrário não acontece”. “Eles ligam mais a Portugal do que Portugal a eles”, remata.