O poder das marcas na política esteve, ontem, segunda-feira, em discussão numa conferência no curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. Carlos Coelho foi o orador escolhido para falar sobre “as tendências do marketing político”. O especialista em gestão de marcas começou por dizer que marca é a “definição de um território” e que o grande problema das marcas é o facto de “os territórios estarem sempre a mudar”.

Carlos Coelho falou do “princípio da não territorialidade” como uma realidade que as marcas enfrentam actualmente. “O mundo está a mudar numa série de aspectos, por isso as marcas também estão a mudar”, afirmou o especialista. De acordo com Carlos Coelho, também os políticos têm de se adaptar às mudanças actuais. “Se os políticos são marcas então porque não se portam como tal?”, questionou o especialista.

“Os políticos são ou não marcas?”

“Os políticos estão a deixar de ter negócio” e, por isso, “precisam de mudar”, referiu Carlos Coelho. “Temos uma base corroída pelas ratazanas do sistema”, afirmou o especialista, que acha que “quase nada na comunicação política é credível”, já que a base do sistema “está descredibilizada”.

Desta forma, o especialista em gestão de marcas disse que “é necessário ser mais sexy na perspectiva da atracção”. “A comunicação política deve concentrar-se no que é positivo”, referiu. Na opinião de Carlos Coelho, os políticos “precisam” de falar de forma “mais simples” e usar palavras “menos complicadas”, bem como transmitir mensagens “concisas”.

Carlos Coelho frisou, ainda, a necessidade de os políticos serem “originais”. “Para fazer algo de novo é preciso ser absurdo”, afirmou o especialista, acrescentando que “é preciso cultivar a loucura”. “Faltam pessoas normais com ideias estúpidas”, referiu, já que na sua opinião o país precisa de políticos “não especializados” em política, “que não tenham uma visão cartesiana das coisas”.

A próxima conferência a acontecer no curso de Ciências da Comunicação terá lugar na sexta-feira, dia 30, pelas 19h00, com a presença do eurodeputado Nuno Melo, que vai falar sobre “a comunicação e os políticos”.