Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia (CMG), foi o convidado de honra na comemoração do quarto aniversário do Clube dos Pensadores, ontem, terça-feira, no GaiaHotel. A escolha, segundo Joaquim Jorge, organizador, deve-se ao facto de Luís Filipe Menezes ser “para além de um pensador, um fazedor”, sublinhando que o presidente da Câmara de Gaia “diz o que pensa e faz o que diz” e que isso se verifica na “obra de Gaia”.

O presidente da CMG, falou sobre o presente e o futuro do país e apelou à “regeneração da auto-estima” portuguesa, pois Portugal não é “um povo qualquer” e, por isso, “não podem desvalorizarem-se”. Sobre o pessimismo vivido em Portugal, o presidente deixa o aviso que os portugueses estão “perto” de se considerarem “maus e incuravelmente maus”, salientando que é, então, necessário “serrar fileiras para o essencial”.

Para Luís Filipe Menezes, o problema maior de Portugal é a “falta de desígnio”, pois falta “um rumo intelegível” ao país. O convidado de honra do Clube dos Pensadores apresentou no seu discurso soluções como criar uma “grande plataforma de ligação ao mundo”, dar uma nova “dimensão ao mercado interno de proximidade”, “acelerar os recursos humanos” e, ainda, “melhorar a qualidade da democracia” de Portugal. O presidente considera que o país devia “aproveitar” os laços que o une a países como Angola e Brasil.

A “falta de desígnio” não é apenas um problema de Portugal

A comemoração do quarto aniversário do Clube de Pensadores contou com convidados como o eurodeputado Diogo Feio, António Ribeiro, Folha, ex-jogador do Porto ou Fernando dos Santos Neves, reitor da Universidade Lusófona Portuguesa (ULP).

Diogo Feio felicitou Joaquim Jorge pelo “notável trabalho” desenvolvido nos quatro anos de existência do Clube de Pensadores. No seu discurso, o eurodeputado centrou-se na crise vivida pela União Europeia a nível político, económico-financeiro e ambiental. Para o deputado centrista, a má situação que se vive actualmente no país deve-se ao facto de a região Norte se encontrar numa “má situação”. Diogo Feio define as soluções para a Europa, país e Norte em três palavras, respectivamente: “Estabilidade”, “Disciplina” e “Coragem”. Coragem para um Norte que “precisa de acreditar nas empresas e na Universidade”.

A “falta de desígnio de Portugal” e a falta de esperança dos portugueses “acreditarem que é possível melhorar a justiça, a saúde, a política e outros sectores” são problemas também apontados por António Ribeiro. Para António Ribeiro, a “falta de desígnio” não é “apenas um problema” do nosso país. Ainda no seu discurso, António Ribeiro fez referência à greve de transportes de terça-feira, questionando se este seria, de facto, “o momento oportuno para pedir melhores salários”.

Joaquim Jorge, organizador, fez, no 42.º debate, um balanço sobre os quatro anos de existência do clube, um clube que fala “em voz alta” e que “dá voz a quem não a tem” e que primeiro se “estranha e depois se entranha”.