Mudança de morada, dificuldade na gestão do tempo e exames de avaliação são alguns dos factores que fazem crescer o nível de ansiedade dos estudantes universitários. Os dados foram expostos quarta-feira no II Seminário “Saúde, Transição e Adaptação no Ensino Superior”, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Nogueira Martins, professor da Universidade Federal de São Paulo, enumerou todos os factores que desencadeiam mau-estar entre os estudantes. Referiu, também, os maus hábitos na alimentação dos estudantes, podendo provocar distúrbios alimentares. Pedro Moreira abordou o mesmo tema, referindo que os meses do ano em que os estudantes têm menos peso são Julho, Janeiro e Dezembro. O professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da UP alertou para a necessidade de gerar “estratégias para que os alunos façam uma boa alimentação”.

Por sua vez, Marina Prista Guerra apresenta justificações para estas variações aquando da entrada dos alunos na Universidade. A professora da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto refere que, “no ano de adaptação, a preocupação pode ser a integração na universidade e nos rituais académicos e não no sucesso escolar”.

Albert Hood, professor da Universidade Lowa (EUA), apresentou um estudo relativamente ao desenvolvimento dos estudantes portugueses comparativamente aos norte-americanos, utilizando variáveis como interdependência, gestão financeira e qualidade de relacionamento. Nessa investigação, ressalta o facto de os estudantes portugueses do primeiro e quarto ano apresentarem valores mais elevados do que os americanos. No entanto, a evolução desde o início (1.º ano) até ao fim (4.º ano) é mais patente nos alunos dos EUA.

Manuel Esteves, professor da Universidade de Medicina do Porto, falou das dependências dos alunos universitários, tanto de substâncias ilícitas como da Internet. Já Eugénia Ribeiro, da Universidade do Minho, deu a conhecer o Gabinete de Apoio aos Estudantes do Ensino Superior em Portugal.

Intervenção da Universidade do Porto na integração dos alunos universitários

A Universidade do Porto (UP) oferece uma série de unidades de apoio aos estudantes. Maria Lurdes Correia, vice-reitora da UP entende que é “extremamente importante que a universidade e as faculdades criem condições” de adaptabilidade para os alunos.

Sotero Martins, responsável pelo Serviço de Integração Escolar e Apoio Social, considera importante o papel desta organização, porque funciona como “veiculo de sensibilização e formação nesta área”.

Celeste Silveira, do consultório de psiquiatria do Hospital de S. João, explica que é premente “tratar da patologia psiquiátrica nestes jovens e, desta forma, contribuir para o seu bem-estar”. As idas à consulta verificam-se com mais frequência no primeiro e no último ano de faculdade, porque correspondem ao “problema adaptativo de entrada na faculdade e de entrada no mundo de trabalho”.

Já o presidente da Federação Académica do Porto, Ricardo Morgado, centralizou o seu discurso nas alterações provocadas pelo processo de Bolonha. Para Ricardo Morgado, o processo de Bolonha foi instituído, mas ainda não houve mudanças a todos os níveis, mais concretamente na forma como os docentes leccionam as aulas. É necessário haver, afirma o presidente da FAP, uma “mudança”: “se não existe, tem que ser forçosamente dada”.