De 24 de Abril até ontem, domingo, o festival “Fazer a Festa” levou 21 companhias nacionais e estrangeiras aos jardins públicos do Palácio de Cristal, oferecendo múltiplas actividades a quem por lá passasse.

E passaram 5700 pessoas. Um autêntico “banho de multidão”, graceja José Leitão, director do Teatro Art’Imagem e responsável pela organização do festival. Por exemplo, em “Vítima da Crise”, parceria entre o Teatro Art”Imagem e a associação Terra na Boca, a tenda teve mesmo “de ser alargada”, tal era a afluência de público.

Contrariamente ao ano passado, a 29.ª edição do “Fazer a Festa” regressou aos jardins do Palácio de Cristal. José Leitão confessou ao JPN o seu “contentamento” pelo regresso do festival à cidade do Porto, onde “pertence”.

Os espectáculos distribuíram-se pelas tendas montadas no recinto, uma vez que a organização não dispôs do Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, nem do apoio publicitário da Câmara do Porto. A organização contou, assim, com o apoio do Museu Nacional Soares dos Reis e do Cine-Teatro Constantino Nery, que disponibilizaram os seus auditórios.

Falta de apoio da Câmara

A organização aponta para a falta de apoio da Câmara Municipal do Porto, cujas “políticas culturais dos autarcas” nem sempre se coadunam com a dos agentes culturais da cidade.

José Leitão acusa a autarquia de “falta de tempo para receber os agentes culturais” quando estes se encontram totalmente disponíveis para reunir com eles. “Os munícipes do Porto também têm direito à Cultura e nós somos responsáveis por agitar a vida cultural da cidade”, diz. O director vai mais longe ao afirmar que o “Fazer a Festa, detentor da Medalha de Mérito Cultural da cidade do Porto, é preterido por parte da autarquia em relação a outros festivais internacionais.

Recorde-se que, apesar do orçamento estimado para o festival ter sido cerca de 80 mil euros, os apoios não chegaram aos 60 mil euros, afirma José Leitão. Um valor que, diz o director, não condiz com o resultado final do festival, produto de “30 anos de muito trabalho”. Os apoios financeiros desta edição do “Fazer a Festa” partiram da Associação Nacional de Teatro para a Infância e Juventude, do Instituto Português da Juventude, da Direcção-Geral das Artes (Ministério da Cultura) e da “boa-vontade” de algumas companhias teatrais com cachês muito baixos.

O director do festival refere que várias companhias se prontificaram para ajudar o Teatro Art”Imagem, que, em resposta, durante o próximo ano, devolverá a boa vontade com a “oferta” de vários espectáculos.

José Leitão promete que o festival “vai continuar a ‘fazer a festa'”. “Há pessoas que viram teatro pela primeira vez aqui”, realça. Para o ano, a organização espera realizar espectáculos de maior dimensão. O “Fazer a Festa” deverá realizar-se entre 22 de Abril e 2 de Maio.

Artigo corrigido às 16h42 de 4 de Maio de 2010