“Ciberjornalismo e fontes de informação” foi o tema de mais uma conferência do Curso de Ciências da Comunicação. O assunto foi apresentado ontem, quinta-feira, por Rui Gomes. Para o jornalista do jornal O Jogo, a Internet “provocou” no jornalismo “dois níveis de impacto”, “quer na reconfiguração das práticas, quer na publicação e produção de conteúdos”. “Com a Internet apareceu um novo paradigma comunicacional”, refere o jornalista.

“Antes tínhamos uma comunicação de um ponto para muitos. Com a Internet, temos uma comunicação de muitos para muitos”, explicou Rui Gomes, ao falar da relação das fontes de informação com a Internet, que “surgiu como uma nova forma de relação entre estes dois pólos”. “São dois pólos opostos quase umbilicalmente ligados. Sem fontes não há jornalistas e sem jornalistas não há fontes”, acrescenta.

De acordo com o jornalista, “não há fontes desinteressadas”, pois quem revela informação, “é porque tem interesse” em fazê-lo. Com o aparecimento da Internet, a situação complica-se, com “a informação a brotar de todos os lados”, o que leva à necessidade “do jornalista fazer uma selecção mais criteriosa”, entende Rui Gomes. “Nem sempre tudo o que está na Internet é fidedigno, é verdadeiro”, salienta.

A Internet alterou as rotinas de trabalho dos jornalistas

Para além desta alteração na forma como os jornalistas passaram a lidar com as fontes, a Internet trouxe ainda “uma maior velocidade de transmissão que, para os jornalistas, acabou por ser uma nova potencialidade”. “O Timing é diferente”, entende o jornalista, o que leva a uma maior “pressão pela hora do fecho” e a uma “marcação cerrada entre os meios de comunicação”. Esta transformação provocada pela Internet “mudou a natureza das notícias”.

Actualmente, os jornalistas “passam mais tempo nas redacções”, já que usam a Internet para “pesquisar” contactos e conteúdos. “Há muitas fontes que são contactadas, hoje, via redes sociais”, referiu o jornalista, acrescentando que, muitas vezes, o que se faz é uma “reprodução de notícias”. Isto leva a que “não haja jornalismo de investigação, salvo raras excepções”. Até porque, na opinião de Rui Gomes, “há cada vez mais fluxo de informação e menos meios” e os responsáveis pelos grupos media “querem a mesma cobertura, com menos recursos”, o que condiciona a actividade jornalística.

O jornalista apresentou, ainda, os resultados de um estudo que levou a cabo sobre a importância da Internet no relacionamento com as fontes. A análise incidiu sobre 81 jornalistas de nove meios de comunicação. Rui Gomes concluiu que, na opinião dos colegas, “o trabalho ficou mais facilitado pelo uso da Internet e que esta tem contribuído para um estreitamento entre jornalistas e fontes”.