O presidente do governo espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero, anunciou, na quarta-feira, dia 12 de Maio, em pleno Congresso de Deputados, um rígido programa de medidas para combater a dívida pública.

Tal como se tinha comprometido numa reunião com o Eurogrupo, no início da semana passada, o socialista avançou com o intuito de reduzir o défice para os 9,3% já este ano e 6,5% em 2011. Uma medida que está a gerar grande contestação social é mesmo a subida do IVA de 16% para 18%.

O plano de contenção socialista foi, desde logo, e tal como já era previsto, criticado pelos membros do principal partido da oposição: o Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy. O político conservador acusou o governo de ter cometido “erros que estão agora ser pagos por pensionistas, funcionários e futuras mães”, tal como informa o “El País“.

Prevista nova onda de greves:

Os principais sindicatos espanhóis, CCOO e UGT, anunciaram novas greves para os funcionários públicos, como resposta às medidas do executivo. Dia 2 de Junho, as escolas e universidades de todo o país vão paralisar e dia 8, do mesmo mês, a greve estende-se aos restantes sectores da função pública.

Como solução para os cortes orçamentais e consequente diminuição do défice, o líder de centro-direita recomenda a supressão da terceira vice-presidência do governo, assim como dos ministérios da Igualdade e da Vivenda. O político defende também a união dos ministérios da Educação e da Cultura e dos ministérios do Trabalho e da Saúde e ainda a revisão dos programas da Administração Geral do Estado e a redução generalizada de subvenções para as empresas, sindicatos e organizações políticas.

Espanhóis estão divididos

Hugo Rodríguez até viu na crise uma boa oportunidade de negócio. O proprietário de uma empresa imobiliária do centro de Madrid garante que esta é uma “altura chave para limpar o mercado de alguma concorrência desleal”. O empresário colombiano concorda com as medidas do socialista, só lamenta que as políticas de recuperação económica não tenham sido antecipadas.

Da mesma opinião é um outro comerciante. Gobino Domingo, proprietário de um pequeno restaurante de comida tradicional espanhola, na zona de Embajadores, admite que estas são as decisões “necessárias” para que a economia progrida. Gobino descarta a possibilidade do seu negócio sair prejudicado com as medidas de contenção do governo e garante que o restaurante vai continuar “bem”.

Irene, uma outra comerciante, não concorda com Gobino Domingo e Hugo Rodríguez. A espanhola, proprietária de uma sapataria, revela que já começou a sentir os efeitos das medidas anunciadas por Zapatero. Irene acha que o governo devia apostar em políticas económicas que não afectassem directamente o “bolso do cidadão”.

Assim pensa Letícia Marzo. A professora de ginástica acha que os apertos financeiros lesam “sempre os mesmos”, sendo por isso “injustos”. Para Letícia, a solução deveria passar pela cobrança de impostos de acordo com os ganhos salariais, com os bens patrimoniais e com as dívidas de cada um.

José Luís aponta para o “facilitismo” das soluções de Zapatero. Justo, um outro espanhol, já reformado, defende que o “socialismo é desemprego e fome” e garante que o pior ainda está para vir. “Ainda agora começou”, lamenta.

Pedro aponta como resolução para o fim da crise a saída de Zapatero e a diminuição dos gastos públicos com os ministérios, comunidades autónomas e sindicatos.