As edições anteriores do Serralves em Festa não deixam dúvidas – mais de 86 mil visitas em 2009, 80 mil em 2008 – e comprovam a aposta ganha que este festival é. Este ano, 600 artistas asseguram as 48 40 horas de festa e celebração, a 5 e 6 de Junho, em 93 eventos espalhados um pouco por toda a cidade.

E, desta feita, as 48 40 horas começam mais cedo: o Aeroporto Francisco Sá Carneiro (AFSC) junta-se à festa a 3 de Junho, obrigando assim os artistas responsáveis a “reinventarem o espaço e transformar o dia-a-dia”, permitindo a “possibilidade de ver o aeroporto com artistas”, como referiu o director do Museu de Serralves, João Fernandes, ontem, segunda-feira, na apresentação do programa do evento. No dia seguinte, a festa continua em várias artérias da Baixa do Porto.

Música, dança contemporânea e novo circo

O grande destaque desta edição vai para o concerto homenagem a James Brown, preconizado pelos americanos Burnt Sugar The Arkestra Chamber, que assim encerram as festividades no Prado. Ainda na área da música, há que salientar os concertos da Big Band do Hot Club – o mais antigo clube de Jazz do país – e da banda “indie-punk” Bonaparte.

Na dança contemporânea, o espectáculo “Vale” de Madalena Victorino mereceu a referência de João Fernandes. No teatro e artes performativas, os destaques recaem sobre o espectáculo de rua “Tout Va Bien”, da Companhia Kumulus, em que é proposto “transformar o quotidiano citadino” e, ainda, “PIG”, peça de teatro infanto-juvenil para todas as idades da Companhia britânica Whalley Range All Stars.

No que respeita às “novas linguagens circenses”, “Shoot The Girl First” é a peça de circo que a Companhia francesa Le Nadir traz à Clareira das Azinheiras nos dois dias de festa.

Para reinventar os espaços de Serralves e da cidade, dos 50 projectos a concurso para esta edição, foram seleccionados dez trabalhos de novos artistas.

“Os públicos existem se forem convidados”

Não obstante o público fidelizado, “há pessoas que vêm a Serralves pela primeira vez neste festival”, conta o director do Museu. Para João Fernandes, a forte adesão do evento é explicada pela “dimensão experimental” e pela “programação artística contemporânea”.

O Serralves em Festa constitui, por isso, uma forma de desmistificar e “desmentir” algum estereótipo criado sobre a arte contemporânea. Afinal, “os públicos existem se forem convidados”, ressalva João Fernandes.

Artigo corrigido às 14h39 de 18 de Maio de 2010