Karen Sanders, professora Catedrática na Universidade de São Paulo, foi a convidada de ontem, segunda-feira, do Seminário de Comunicação Política, no curso de Ciências da Comunicação, no Porto. O tema “Escandâlos e Bodes expiatórios: o jornalismo de indignação na Mediapolis” serviu de mote para uma conferência explicativa e ilustrativa sobre a influência dos media na sociedade.

Numa primeira abordagem, Karen Sanders definiu “Mediapolis”, nome constante na sua apresentação, como o “espaço da aparência” que “representa” o “mundo em que vivemos”, mostrando imagens de páginas de jornais para ilustrar a sua explicação.

Ainda sobre o mundo dos media, Karen Sanders destaca Barack Obama ou Cristiano Ronaldo como exemplos de como os meios de comunicação social “fabricam modelos”. Para além de “fabricar” modelos, os “comunicadores” são, também, os “criadores” do “mundo de referências” e têm o poder de “conectar ou desconectar os seres humanos”. Como exemplo, a convidada fala da história do desaparecimento de Madeleine McCann, que definiu como “uma história terrível”, “um escândalo” explorado pelos media.

Para a professora, os meios de comunicação social interessam-se, sobretudo, por histórias com “enredos fortes”, salientando histórias como a da infidelidade de Tiger Woods, o famoso tenista jogador de golfe norte-americano que fez manchete um pouco por todo o mundo.

Jornalismo de indignação como “guardião do bem público”

Para a professora da Universidade de São Paulo, é com nomes como Tiger Woods ou os pais de Madeleine McCann que se pode falar de “bodes expiatórios” dos media. A professora entende que, apesar de “o mundo pós-cristão” não permitir “aceitar facilmente a ideia de bode expiatório”, este fenómeno “continua”, mas “atenuado”.

Face a estas histórias exploradas pelos media, Karen Sanders falou sobre o jornalismo de indignação, que, segundo a professora, funciona como “guardião do bem público”, uma espécie de “cão guarda do quarto poder”. O jornalismo de indignação é, para a convidada, “um pilar da democracia liberal” e, ainda, “um princípio informal de regulamentação para a prática do jornalismo”.

Mesmo assim, e apesar de acreditar que os jornais exploram a “aparência”, Karen Sanders entende que os media são, apesar de tudo, “portadores da verdade”. Apesar de, às vezes, os media “fabricarem modelos” e preferirem histórias com “enredos fortes” e “escândalos”, Karen Sanders não se mostra pessimista e, por isso, “não” considera que se esteja a “perder o jornalismo de referência”, havendo ainda “jornalistas” de qualidade.