Hoje estou para as músicas.

Infelizmente a semana passada não me foi possível escrever como tem vindo a ser habitual e, numa semana que havia tanto a dizer, só posso mesmo lamentar e tentar resumir tudo dizendo “No Surprises”, máxima imortalizada por uns senhores chamados Radiohead. Nas ligas por essa Europa fora, nas taças e em todas as outras competições ganhou quem tinha de ganhar com justiça e clareza. Parabéns a eles e principalmente parabéns aos adeptos que conseguiram festejar por serem campeões e não por outros não terem conseguido lá chegar; aos restantes, lamento muito, mas frequentar umas lições de civismo não seria dinheiro mal empregue.

Agora vamos falar sobre o que interessa. Para quem não conhece a expressão, dançar na corda bamba é estar no limbo, estar no limite do fantástico e do desastre, entre a besta e o bestial.

Uma realidade bem conhecida para os treinadores dos três grandes, ou pelo menos para a maior parte deles. Desde que me lembro de ver futebol com olhos de ver são eles que dão a cara. Diz-se até por aí que as vitórias são responsabilidade da equipa e as derrotas são culpa dos treinadores. Não concordo.

No Porto, no final de uma época abaixo do esperado, Jesualdo vai sair pela porta pequena. Depois de nas épocas transactas ter conquistado tudo o que havia para conquistar a nível nacional, depois de um terceiro lugar pouco habitual, de ser eliminado pelo Arsenal na Champions, de ganhar a Taça e a Supertaça portuguesas, Jesualdo vai sair pela porta pequena. Não concordo. Não que seja apreciador das qualidades técnicas do ainda treinador dos “dragões”, que, na minha opinião, revela pouca coragem perante adversários teoricamente do mesmo nível ou mais fortes e atemoriza-se facilmente para treinador de um clube que tem um discurso de vitórias em todas as frentes, mas, apesar disso, o trabalho demonstrado no cargo não justificaria um tratamento tão ríspido. A ver vamos mas… não concordo.

No Benfica, depois de uma época acima do esperado, depois de trocar de treinador até conseguir um campeonato, depois de uma vitória categórica na Taça da Liga – não pela importância da competição mas pelo facto de ter sido contra o Porto – Jesus é o salvador. Não concordo. Reconheço que o treinador das “águias” tem melhor nível técnico do que o dos “dragões”, reconheço que arrisca mais e tem mais coragem, mas na relação com os atletas parece-me ter algumas falhas. E, como disse acima, a máxima das vitórias ser responsabilidade de todos aplica-se perfeitamente. O Benfica soube procurar e investir onde era preciso, tanto no banco ao contratar Jesus, como depois, ouvindo-o e identificando os jogadores que melhor serviriam os seus propósitos técnico-tácticos. Provavelmente vai continuar até uma época que corra menos bem e depois vai-se embora. Veja-se o exemplo de Quique. Esta época ganhou a Liga Europa. Mérito só dele? Não concordo, mas que tinha lá o dedo do ex-treinador do Benfica, lá isso tinha.

No Sporting, depois de quatro épocas em segundo e com classificações consecutivas para a Champions, os dirigentes decidiram mudar de rumo e a estrutura ruiu. Pior: contrataram Carvalhal, que, apesar de não o confessar e chegar a negá-lo, veio “tapar o buraco” para depois seguir a sua vida. Os jogadores foram os primeiros a perceber isso e não renderam o que deveriam.

Tudo somado, medido, pesado e considerado, fica aqui o meu sincero e sentido “boa sorte” para todos os futuros treinadores dos três grandes, porque com esta classe dirigente a vida deles é mesmo Dançar na Corda Bamba. E sem Clã de apoio.