A situação dos refugiados da Somália e do Haiti são motivo de pessimismo para Fernando Nobre, em contexto de crise. “O cenário que se vive na África subsariana aliada à crise financeira” e aos desastres ambientais a que se tem assistido “faz temer o pior”, disse o candidato à Presidência da República, referindo-se ao movimento de centenas de milhões de pessoas, que cria “condições objectivas para grandes conflitos sociais”.

Segundo o presidente da AMI, a ajuda internacional a países com refugiados deve ser feita “sem paninhos quentes”, “com franqueza de actuação”, sendo que tal não tem sido feito.

Nobre falou em conferência no contexto da simulação da actividade da ONU UP MUN, promovida por alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP), em que se discutiu a situação da Somália e do Haiti.

Em relação ao Haiti, Fernando Nobre repetiu a ideia da necessidade de haver franqueza e “reconhecimento dos erros” por parte de quem “ostracizou” o povo haitiano. Caso contrário, diz o médico, “não vai haver soluções”.

Nobre terminou com palavras sobre as Nações Unidas, dizendo que o molde em que se organiza o Conselho de Segurança (CS) “já não tem cabimento”, pois “está mais do que ultrapassado”. Isto porque “são os maiores fabricantes e vendedores de armas que estão à frente da paz”. Fernando Nobre pretende, então, uma reformulação da estrutura do CS e deixou a ideia de que Lula da Silva daria “um grande Secretário-Geral”.

No mesmo contexto e numa intervenção que precedeu a de Fernando Nobre, Domingos Jerónimo, cônsul Honorário de Israel, defende também a reformulação estrutural da ONU, desde os seus fundamentos mais básicos, previstos na Carta das Nações Unidas. “A Carta”, diz Domingos Jerónimo, “deve adequar-se às necessidades e dignidade da pessoa humana”, ajudando a “criar condições para uma vivência condigna”.

De acordo com o cônsul, a ONU não se tornou capaz de resolver os problemas, nem de prevenir grande parte dos conflitos armados que se propôs aquando da sua fundação. Jerónimo falou então da reformulação da Carta, cuja prioridade deve assentar na resolução dos problemas sociais que enfrentam os países sub-desenvolvidos, em vez da acção preventiva nos conflitos bélicos.