“A crise grega foi a ponta do icebergue desta crise soberana porque os efeitos propagaram-se para outras economias”, evidenciou o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, na comemoração dos 25 anos da Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (AAAFEP), no passado sábado. Na sua intervenção, Teixeira dos Santos propôs uma reflexão sobre a crise, lembrando os novos desafios que agora se afiguram.

“Agora o que está sobre a mesa é a situação da Zona Euro”, afirma Teixeira dos Santos, adiantando que “desde os anos 90 temos vivido sobre a protecção de um guarda-chuva”. Essa protecção é o Euro, que conseguiu trazer para a Europa “bons resultados”, como a redução do défice e a diminuição da dívida pública. No entanto, a construção do Euro teve “um pecado original”, que agora “vamos ter de redimir”. “Quebrou-se o guarda-chuva de protecção”, admite.

Assim, para Teixeira dos Santos, o contexto internacional mudou. “Os mercados olham para cada país isoladamente, é cada um por si” e, por isso, “adensam-se os receios de ajuda”. Cada país tem agora de tomar as suas próprias medidas, já que se “quebrou o guarda-chuva de protecção”.

“Este desenvolvimento da crise grega fez com que tivéssemos de tomar uma inversa prioridade”, esclarece o ministro, avançando os três grandes desafios com quais a Europa se depara actualmente: a”sustentabilidade das finanças públicas, o crescimento económico e a governação económica a nível comunitário”.

Foi a consciência desta situação internacional que levou o governo português “a ter de ajustar a orientação das finanças públicas”, já que as novas directrizes para a Europa são “consolidação, consolidação, consolidação já e em força”, adianta.

Assim, para o ministro das Finanças, Portugal teve necessidade de “avançar com novas medidas” que foram estipuladas no Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC). Medidas essas que “não queríamos, mas que era impossível não tomar”, garantiu Teixeira dos Santos. A entrada em vigor das medidas extraordinárias acontecerá, garante o ministro, “no momento em que a Europa” disser que “tem estratégias de combate à crise”.

“Não podemos falhar”

Ainda na reflexão que propôs ao público, constituído por antigos alunos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), Teixeira dos Santos adiantou que “é urgente trabalhar afincadamente a nível nacional e internacional”, num esforço conjunto para “dar sinais de que somos capazes”. Caso contrário, a situação pode tornar-se mais insustentável. “Não podemos falhar de forma alguma este desafio que temos pela frente, se não a situação pode ficar ainda mais gravosa”, admite.

E, para reverter a crise, o ministro das Finanças adianta que a ajuda entre países não pode ser menosprezada. “Como Nação, temos de nos convencer de que temos de partilhar”, argumenta, explicando o porquê da ajuda de Portugal à Grécia.

Novas taxas de IRS “a partir de Junho”

À chegada à FEP, Teixeira dos Santos esclareceu que a data da entrada em vigor das novas tabelas de IRS só está prevista para Junho. “Eu fui muito claro na quinta-feira passada quando disse que seria somente a partir de Junho que teriam impacto as novas tabelas e ontem tive oportunidade, através de uma nota divulgada pelo Ministério das Finanças, de reafirmar isso mesmo”, salienta.

Teixeira dos Santos admite que o facto do documento ter saído em Maio tenha causado alguma “estranheza”, mas garante que assim foi para “dar tempo a todas as entidades que têm de processar os vencimentos” para “incorporar essa informação” nos seus sistemas.