Depois de pagar uma fiança, Jafar Panahi pôde voltar a casa, 77 dias depois da detenção. O realizador de cinema iraniano estava preso desde Março, quando a polícia do Irão o prendeu por suposto apoio a Musavi, o líder da oposição nas eleições de Junho de 2009.

Segundo divulga o “El País“, Abas Yafari Dolatabadi, o fiscal general de Teerão que autorizou que Panahi aguardasse julgamento em liberdade, não quis revelar o valor da fiança exigida ao cineasta.

Panahi, um dos cineastas iranianos de cinema mais reconhecidos internacionalmente, queixava-se, numa carta escrita à família e publicada pela Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irão (ICHRI), dos maus-tratos sofridos na prisão e das constantes ameaças psicológicas que sofreu.

O cineasta, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1997, decidiu, a 16 de Maio, iniciar uma greve de fome por período indefinido, reivindicando a defesa dos seus direitos, tal como revela a mesma organização.

Detido por apoiar o movimento da oposição

Segundo fontes da oposição iraniana, citadas pelo “El Mundo“, o director cinematográfico está indiciado por preparar um filme sobre o movimento da oposição verde.

O cineasta é um dos artistas e intelectuais iranianos que tem revelado publicamente o seu apoio aos mentores da “Revolta Verde” e ao movimento da oposição reformista que, em Junho de 2009, denunciou as eleições fraudulentas que garantiram a reeleição a Mahmoud Ahmadinejad.

O trabalho do realizador é alvo de censura há vários anos

Tanto as longas-metragens “O Círculo” como “Offside”, nas quais se reflectem a situação das mulheres no Irão, foram proibidas pelo governo da República Islâmica, que também não autorizou a deslocação de Panahi à capital alemã, em Fevereiro, para a 60.ª edição do festival Berlinale.

Jafar Panahi foi detido a 1 de Março, durante a noite, na sua casa, durante uma pequena festa, que reunia a esposa, a filha e 15 convidados.