A realidade das auto-estradas estradas SCUT (Sem Custo para o Utilizador) vai mudar em Portugal. A 1 de Julho de 2010, três das sete auto-estradas em regime SCUT vão passar a ter portagens (Costa da Prata, Grande Porto e Norte Litoral). Assim, quem se deslocar pela A28, A29 e A41/A42 terá de pagar um preço ainda não fixado.

A notícia do fim das SCUT desencadeou uma série de manifestações e levou, por conseguinte, à criação de vários grupos que protestam contra o pagamento de portagens nas três auto-estradas. Hoje, por exemplo, a A28 vai ser alvo de uma marcha lenta ao fim da tarde. A ideia, afiança Daniel Pedro, do movimento “A28 sem portagens”, é provar que as estradas alternativas não são “nenhuma alternativa”.

O protesto desta quarta-feira encerra, assim, o ciclo de protestos nas auto-estradas nortenhas. Recorde-se que, a 24 de Maio, os utentes fizeram uma marcha lenta entre Gaia e Ovar na A29. Dois dias depois, a 26 de Maio, um outro desfile vagaroso na A41. Programado está ainda um “passeio” pela EN-13 a 18 de Junho, entre Viana do Castelo e o Porto, do movimento “A28 sem portagens”.

Diferentes dias de manifestações, mas com o mesmo objectivo: impedir o fim das SCUT. Apesar de existirem vários movimentos, Daniel Pedro não acredita que esse facto possa “enfraquecer a luta”, pois considera que “uma voz única” pode “ser facilmente enfraquecida”. Para Daniel, a “intromissão política” de algum partido é que poderá prejudicar.

Perante as manifestações dos utilizadores das SCUT, Daniel Pedo acredita que o Governo “é cego em termos de atitude”, pois “quer levar a sua opinião avante”.

Como utilizador activo pois, “todos os dias” escolhe a A28 para se deslocar de casa, Viana do Castelo, para Esposende, onde trabalha, Daniel Pedro é uma das pessoas que está contra o fim das SCUT. A Estrada Nacional (EN-13) não é uma “alternativa” pelas fracas condições em que se encontra com o “piso deteriorado”, salienta Daniel.

Valor das portagens é comparado a uma “renda” ao fim do mês

Apesar de não considerar uma “boa alternativa”, Daniel Pedro refere que vai começar a utilizar com “mais frequência” a EN-13. O valor exacto que será cobrado em portagem ainda não está fixado, no entanto já foram apontados alguns números.

Inicialmente, o jornal “Correio da Manhã” anunciou que o valor seria de 6,05 cêntimos por quilómetro. Assim, aplicando este valor no trajecto Viana do Castelo-Porto, 22 dias por mês, ida e volta, o valor é de 200 euros. No entanto, um outro valor veio a público: 9 cêntimos por quilómetro. Aqui, a situação aumenta para 320 euros. Uma “autêntica renda”, afirma Daniel Pedro.

Para o membro do movimento “A28 sem portagens”, o fim das SCUT vai “enfraquecer a região Norte”. “O Norte é incessantemente prejudicado”, lamenta. Daniel Pedro vai mais longe e deixa o alerta de que não faltará muito para a situação da região “explodir” pois considera que “as pessoas estão cansadas” de ser sempre o “Norte a pagar a crise”.

Apesar de o fim das SCUT estar marcado para 1 de Julho, Daniel Pedro não acredita que a medida arranque nesse dia. Promete, ainda, que a luta vai continuar, até porque se aguarda “alguma resposta da União Europeia”.