O elevador da Lada, na Ribeira, foi reactivado há duas semanas, depois de dois anos sem funcionar devido a uma avaria. Alternativa de acesso cómodo para a população da Sé, o elevador liga a Ribeira ao Paço Episcopal.
A população há muito se habituou a fugir às cerca de 140 escadas que ladeiam o elevador e a ir pela Rua D. Hugo, alternativa ao elevador avariado. Por isso mesmo, conta Jorge Coelho, um dos quatro seguranças responsáveis pelo aparelho, este serve apenas as crianças do Centro Social do Barredo, situado mesmo ao pé do ascensor.
Fora um habitante ou um curioso ocasional, poucas são as pessoas que utilizam a máquina recentemente reactivada. O motivo? O desconhecimento das pessoas que passam e não sabem que o elevador já funciona, explica Jorge Coelho, aliado à falta de sinalização que indique a presença do elevador no local e a falta de interesse da população, habituada agora a outras alternativas para chegar à Sé.
Destacado pela Câmara Municipal do Porto (CMP) para cumprir a função de levar as pessoas para cima e para baixo no elevador, Jorge Coelho queixa-se das condições e da inutilidade do seu trabalho.
A vista lá de cima, diz ele, não compensa o esforço dos turistas, que ficam desiludidos depois de subirem no ascensor. “Aquilo que conseguem ver lá em cima também conseguem ver cá em baixo. Chegam lá e perguntam-me se é só aquilo que há para ver”, resume. Para os utilizadores com intuitos mais práticos, falta a sinalização. “Chegam lá acima e não há sinalização. Tenho de explicar por onde têm de ir”, remata.
Crianças de Centro Social são as principais utilizadoras
A aparente falta de interesse de quem passa que pauta esta nova vida do Elevador da Lada é colmatada pelo entusiasmo das crianças, os maiores beneficiários desta reactivação.
Como explica Cláudia Teixeira, educadora social do Centro Social do Barredo, as 14 crianças que todos os dias subiam pelo menos duas vezes as centenas de escadas de acesso ao edifício onde funciona o ATL, não podiam estar mais contentes. Segundo a educadora, o elevador “não é só uma mais valia”, “é essencial”. “Se está a chover, chegamos lá acima molhados; se está calor, não conseguimos subir sem ficarmos todos suados”, explica.
“As nossas crianças foram ter, no Dia Mundial da Criança, com o presidente e pediram pessoalmente o retorno do elevador”, explica. “Ele foi super atencioso, anotou o local e o nome da instituição e parece-me que deu alguma celeridade ao processo”, entende.
As crianças do Centro não só tiveram um papel fundamental na reactivação do elevador, como assistiram de perto ao seu “renascimento”. “Muita coisa foi substituída e nós assistimos a esse processo. Foi uma remodelação mesmo profunda e será essa uma das causas para ter demorado mais tempo”, reforça.
Quando, finalmente, as obras estavam concluídas, as crianças, diz Cláudia, “nem queriam acreditar”. “Eu sou educadora social lá no ATL e quando lhes disse ‘meninos, vamos por aqui que o elevador está pronto’ eles não foram, ficaram a olhar para mim”, finaliza.