Este sábado, as habituais bandeiras arco-íris voltam a tomar de assalto as ruas do Porto. A 5.ª Marcha do Orgulho LGBT está em festa com a aprovação do casamento homossexual, mas ainda não é tempo de baixar os braços. Basta olhar para o tema deste ano: “Existimos, direitos exigimos.”

“O ano passado participaram 1200, 1500 pessoas. [Este ano] Estamos à espera de mais gente, não só por causa da lei, mas também porque se nota mais entusiasmo e um grande empenho por parte das organizações que colaboram”, garante João Paulo, editor do portal PortugalGay e membro da organização.

A Marcha tem partida marcada na Praça da República às 16h00. Passa pela Rua Gonçalo Cristovão, Santa Catarina, onde será escutado o manifesto, e 31 de Janeiro. Desce depois até à Estação de S. Bento e segue pela Rua Sá da Bandeira para terminar na Praça D. João I, com uma paragem alargada para “confraternização”.

Porto Pride no Teatro Sá da Bandeira:

O Teatro Sá da Bandeira volta a receber, a partir das 22h00, mais uma edição do Porto Pride 2010, organizado pelo PortugalGay e pelo bar Boys’R’Us. O evento conta com os espectáculos dos artistas residentes deste espaço, como a histórica Nani Petrova, Lady Slim e Natasha Semmynova, e com a actuação de vários DJ. A organização vai ainda sortear algumas surpresas durante a noite. O grande propósito do evento é a entrega de um donativo superior a 3200 euros à Associação Sol. O bilhete custa dez euros, com oferta da primeira bebida. Das 23h00 às 8h00, o parque da Praça D. João I tem o custo único de dois euros.

Reivindicações do Manifesto de 2010

O manifesto da Marcha deste ano vai exactamente ao encontro do mote, explica João Paulo. “É mesmo isso. Existimos, direitos exigimos. Já temos a questão do casamento resolvida, mas ainda falta tratar da parentalidade. Não estamos a falar apenas a adopção, mas também da custódia de filhos de casamentos anteriores.”

A violência dentro das relações e o sistema de doação de sangue (que discrimina os homossexuais) são outros alertas do manifesto, que também destaca a situação dos transexuais. “Após serem operados, sofrem um verdadeiro calvário. Têm de ser avaliados cinco mil vezes, para depois serem analisados pela Ordem dos Médicos, que [assim] passa um atestado de incompetência pela equipa que fez toda a avaliação anterior.”

A organização também quer promover a educação sexual e atentar na situação dos idosos. “Parece que quando as pessoas são idosas deixam de ter sexo. Não podem dormir juntos num lar, não podem pensar em ter um companheiro”, considera João Paulo, que sublinha que esta situação verifica-se igualmente nas relações heterossexuais. Aliás, todo o manifesto está escrito de maneira a “implicar toda a gente”.

Por fim, o documento foca ainda a necessidade de consciencializar e sensibilizar as forças policiais para a homossexualidade. “Muitos homossexuais não apresentam queixas [de agressão] porque são alvo de chacota pela polícia. A atitude dentro da polícia tem de ser trabalhada.”

Também por isso nasceu, recentemente, o Grupo Identidade XY, também organizadores da Marcha. Criada por um agente da PSP, esta organização surgiu no seio desta força de segurança para alertar para a homossexualidade dos agentes e restantes membros da sociedade.