Há quem diga que os jovens não se interessam pela política, embora um ou outro estudo deixe a dúvida se é assim ou não [“Os Jovens e a Política”, Universidade Católica Portuguesa, Janeiro de 2008 – em PDF]. Que poder mobilizador é que as “Jotas” têm e o que nota ao nível da Juventude Socialista (JS)? Há mais pessoas, há menos pessoas, como é que é a participação?

Eu creio que as juventudes têm um papel fundamental no país, na formaçao cívica e no desenvolvimento de uma cidadania mais consciente. As juventudes partidárias acabam por ter uma imagem pública algo negativa, que advém de questões culturais muito próprias – termos uma democracia ainda muito jovem, com um sistema plural de partidos há pouco mais de 30 anos. Isso naturalmente cria dificuldades acrescidas à legitimidade de intervenção política.

Não me restrigindo à JS, as juventudes têm um papel decisivo na capacidade de insuflar sangue novo dentro partidos políticos, na capacidade de inovar nos temas, nas ideias, nas práticas, nas metodologias. No caso da JS, várias temáticas que têm vindo a ser postas na agenda por via do PS surgem por capacidade de influência da JS.

Há vários exemplos: a interrupção voluntária da gravidez, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou as questões de paridade e de participação equitativa entre homens e mulheres na vida pública. São medidas que foram lançadas para o debate público pela JS e que hoje em dia acabam por estar perfeitamente estabilizadas, não só na opinião pública, nao só no Partido Socialista (PS), mas na generalidade dos partidos portugueses.

Já falamos do papel da Câmara Municipal, da Universidade… E as “Jotas”? Que papel é que as juventudes partidárias podem ter na sociedade?

O papel que neste momento já têm. As juventudes partidárias e, em concreto, a Juventude Socialista do Porto tem vindo a desenvolver uma actividade que a procura abrir à cidade. Nesse sentido, temos feito um conjunto de iniciativas que nos permitem criar canais de comunicação com a população, aproximar das associações juvenis e dos jovens nas escolas e nas faculdades. Criámos, por exemplo, um fórum que se chama “Porto com Ideias“, em que regularmente temos vindo a reunir vários quadros da sociedade civil.

Depois, os Concelhos Municipais da Juventude, que foram uma inovação da JS no Parlamento, permitem ter hoje associações juvenis e partidárias de juventude a participar como órgão consultivo nas autarquias, a procurar aproximar aquilo que são as preocupações dos jovens da autarquia e da política.

O facto de serem uma organização política não prejudica essa relação, a interacção que têm com essas instituições cívicas? Ao serem serem conotados como políticos não têm sempre uma aura mais negativa?

Não me parece, de forma alguma. O tipo de jovens que temos vindo a conseguir mobilizar e integrar naquilo que é a actividade regular da JS nao se esgota dentro das paredes fechadas de uma juventude partidária. Ou seja, temos jovens que são membros da JS, mas que simultaneamente são também membros de uma associação de bairro, de uma associação de estudantes, que são empresários. Temos uma panóplia muito diversificada de militantes e dirigentes, que nos permitem, desde logo, pela sua própria prática profissional e quotidiana abrir as janelas e dialogar com a sociedade civil.

“Vamos continuar a discutir a cidade, abrindo-a aos cidadãos do Porto”

Por outro lado, todas as nossas iniciativas procuram sempre ter um papel formativo e procuram falar com aquelas que são instituições que conhecem bem a cidade e o terreno. Os partidos? Seguramente. As juventudes partidárias? Seguramente. Mas depois todas as outras instituições que existem na cidade do Porto, com quem é preciso falar ao longo de quatro anos, e com quem não se pode estabelecer diálogo só em véspera de eleições. Desde as últimas eleições autárquicas temos vindo a ter uma actividade quotidiana, semanal, na cidade, e vamos mantê-la ao longo de quatro anos.

Em Dezembro, quando iniciou o seu mandato, disse que pretendia reforçar a estrutura da JS e dar-lhe uma nova ambição que permita uma mudança autárquica em 2013. Já têm a iniciativa “Porto Com Ideias”, como referiu. Que outro tipo de actividades é que têm planeadas?

Temos vindo a desenvolver várias actividades na cidade. A actual equipa tomou posse em Dezembro de 2009. O nosso mandato é de dois anos, ou seja, entendemos que este mandato, independemente de quem fique depois na liderança da JS-Porto, é decisivo para a criação de quadros jovens dentro da JS, PS e para uma afirmação política na cidade. Não só temos desenvolvido o “Porto com Ideias”, como criámos e reorganizámos toda a estrutura de base da JS ao nível dos seus núcleos de residência.

Temos vindo a desenvolver actividades junto de todos os jovens do ensino secundário, que são um componente essencial para o rejuvenescimento da propria estrutura da JS; criámos um núcleo de estudantes no ensino básico e secundário, que neste momento tem vindo a fazer uma intervenção politica decisiva ao nível das escolas do concelho; temos vindo a fazer muitas proprostas no seio da Assembleia Municipal e das Assembleias de Freguesia, onde também procuramos ter representatividade e participação; lançamos um jornal na cidade, que tem vindo a ser distribuído em varios locais da cidade, com uma periodicidade regular; temos vindo a desenvolver debates em espaços da cidade – já o fizemos isso em cafés, em bares e vamos continuar a procurar discutir a cidade, abrindo-a àquilo que são os cidadãos do Porto.