Augusto Sousa é o director do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e está no seu gabinete, entre dois computadores. Um portátil e um computador de secretária estão sincronizados e, simultaneamente, a actualizar conteúdos de ambos. Este tipo de medidas de segurança preventivas e “extremamente fáceis” podem ser feitas diariamente para guardar conteúdos e salvaguardar possíveis dores de cabeça. Disponível e com boa disposição, o assunto que leva o JPN ao seu gabinete é-lhe familiar.

“O problema do arquivo requer muito espaço”, começa por dizer. Conseguir ter, num dispositivo portátil, informação que ocuparia as estantes de uma qualquer sala é a vantagem mais óbvia. Tão óbvia que acaba por ser escusado falar-se dela. Passemos, então, às barreiras.

O maior obstáculo apontado pelo docente, é a (in)compatibilidade dos periféricos actuais relativamente aos dispositivos utilizados anteriormente. Guardar informação num determinado dispositivo não garante o acesso ad eternum e as probabilidades de ser ultrapassado pela própria evolução e/ou descontinuidade do produto agravam-se. “O formato electrónico depende desse mesmo contexto [electrónico]”, ressalva Augusto Sousa.

Mas não basta assegurar a continuidade e compatibilidade do dispositivo utilizado. O docente adverte para a necessidade de rever e actualizar a informação arquivada. “Antes, não havia a opção ‘find’ “, graceja. Mesmo assim, considera o arquivo digital uma mais valia nos tempos que correm e mais acessível a todos, desde que a informação esteja devidamente arquivada.

Reminiscências de Alexandria

Quando confrontado sobre o risco e dependência das memórias digitais relativamente à electricidade, Augusto Sousa é peremptório: não tem qualquer receio. A informação em formato electrónico alojada em “sistemas de peso” mune-se da “redundância” desses mesmos sistemas. Assim, a Internet e as bases de dados possibilitam réplicas, conforme menciona o professor da FEUP, alojadas em diferentes locais virtuais.

Já relativamente ao papel, o docente considera-o “extremamente sujeito à destruição”, o que se revelaria dramático noutros campos, até porque basta um incêndio para surgirem reminiscências penosas do fogo que consumiu a biblioteca de Alexandria.

Admite não ter “adquirido ainda o treino necessário para conseguir ler documentos longos, como teses ou regulamentos”, mas reconhece que a geração a quem dá aulas – os alunos do curso de Engenharia Informática e Computação – apesar de possuírem um perfil “bastante específico”, recorrem cada vez mais às plataformas digitais. Prova disso é a utilização frequente de, por exemplo, e-books disponibilizados pelas editoras em formato electrónico com quem a faculdade estabelece protocolos. Critica, no entanto, o excessivo uso de um conhecido motor de pesquisa que, por vezes, é utilizado “em prejuízo” por eles.