A divulgação do filme assenta na questão primária: “Quem é Evelyn Salt?”. Angelina Jolie dá vida à oficial da CIA acusada por um desertor soviético da época da Guerra Fria de ser uma espia russa. Na (louca) corrida para provar a sua inocência – inclusive aos espectadores – Salt acaba por nunca “ganhar” o coração da plateia. De quem é a culpa? Kurt Wimmer (argumentista).

O argumento de “Salt” é superficial. Demasiado. Salva-se o filme porque Jolie é perita (ainda havia dúvidas?) no género e Phillip Noyce (realizador) foi capaz de encontrar o melhor ângulo para deixar visível todo o brilho da actriz de 35 anos. Em acção e adrenalina, “Salt” não peca. Pena que lhe falte o resto, porventura o mais importante.

A história leva-nos bem cedo a perceber quem é, afinal, Evelyn Salt. E leva-nos porque foi mal contada, o que obrigou quem a escreveu a “ceder” informação vital demasiado cedo, retirando todo aquele processo de interesse crescente associado a um filme de espionagem. Pior. Viragens bruscas na trama – tentativas desesperadas de corrigir os lapsos narrativos – só servem para acentuar a falta de subtileza de Wimmer.

Um filme sobre espiões vive, até certo ponto, da impessoalidade do agente. Procura revestir a personagem de múltiplas peles, identidades. Era essa a premissa de “Salt”, entrar na linha de “Bourne” e ganhar dimensão até ao clímax. Mas não só ficou fora da linha de “Bourne”, como nem chegou a ter clímax. Mas não culpem Jolie. Ela fez o seu papel… possível.