Madeira, pedra, ferro… são estes os materiais necessários para criar obras-primas, de acordo com três escultores que, até dia 15 de Setembro, ocupam a Praça D. João I. Mesmo em frente ao Teatro Rivoli, um ateliê improvisado é partilhado desde dia 1 por Paulo Neves, Jorge Curval e António Mulungo. Neste II Simpósio de Escultura, juntam-se a madeira, o ferro e a pedra, que ganham forma à medida que o tempo passa.

Paulo Neves é quem trabalha a mármore de Estremoz. Com trabalho fixo em Miguel Bombarda, Paulo Neves está a construir uma obra de raiz neste simpósio, a que deu o nome de “Roda”. Estará pronta, garante, a 15 de Setembro, mesmo a tempo de encerrar o certame e rumar a Lisboa, onde será exposta. A experiência, diz, está “a correr muito bem”. “Estou a gostar muito de fazer a minha peça”, explica. Habituado a participar neste tipo de iniciativas, “tanto em Portugal, como no estrangeiro”, o escultor só se queixa da falta de interacção com o público, “afastado” devido ao barulho e poeira do material que usa para trabalhar a pedra. Mesmo assim, fica contente pois “tem vindo muita gente ver o nosso trabalho”.

Do outro lado do espaço, Jorge Curval cria, sobretudo, árvores de ferro, árvores essas em tudo semelhantes às que se podem ver espalhadas pela cidade, nomeadamente ao pé da estação de Metro da Trindade. No entanto, quando entramos no mega-ateliê, encontramo-lo atarefado com uma serra eléctrica e um tronco de árvore. O barulho e os pedaços de madeira que esvoaçam não assustam, no entanto, os mais curiosos, que se juntam para ver o escultor trabalhar o material.

Ao seu lado, António Mulungo também trabalha a madeira, usando métodos mais artesanais. Veio de propósito de Moçambique, de onde é natural, para participar no simpósio. Está a adorar a experiência. “As pessoas são acolhedoras, são maravilhosas”, exclama. “Sinto-me em casa”, afirma. Ainda não sabe ao certo o que está a criar pois, explica, “a ideia vai surgindo e só no final é que se sabe”. Mesmo assim, tudo indica, o grande tronco de madeira que trabalha todos os dias poderá representar uma figura humana, à semelhança das onze peças que tem expostas no local.

O simpósio está aberto ao público até 15 de Setembro, na Praça D. João I,entre as 10h00 e as 18h00.