A sexta greve geral (em apenas mês e meio) fez parar Paris e Lyon nesta terça-
feira, 19 de Outubro. Às 16h30, manifestantes reuniram-se na Esplanade des Invalides, o último ponto da marcha cortejo que se iniciou na Place D’Italie. Indignados com o posicionamento do governo, jovens e idosos gritavam contra a alteração do sistema de pensões e reformas. Simultaneamente, eram distribuídos nas ruas autocolantes com a frase “Le Gouvernement ment”

Para evitar tumultos, a Polícia bloqueou as ruas em redor da Esplanade des Invalides. Por volta das 17h30, o local já estava com poucos manifestantes e simpatizantes da causa. Durante o dia o transporte público também foi afectado pela greve, com a paralisação de cerca de 50% do tráfego do metro.

Também o transporte aéreo parou. De acordo com autoridades locais, no aeroporto de Orly, 50% das linhas ficaram paradas e cerca de 30% dos voos de outros aeroportos franceses foram anulados. Relativamente aos voos provenientes de Portugal, pelo menos oito foram cancelados.

O manifestantes

A onda de protestos conta com uma grande presença de jovens, que criticam a elevada taxa de desemprego que afecta o país. O aumento da idade de reforma significaria esperar mais anos para entrar no mercado de trabalho.

A paralisação das escolas públicas também contribui para o maior envolvimento dos jovens nas manifestações. Segundo o Ministério da Educação, pelo menos 379 escolas secundárias foram bloqueadas pelos estudantes. Foi o maior número de escolas fechadas por estudantes em protesto num só dia, desde que o movimento estudantil aderiu à greve na semana passada.

Os aposentados e adultos em idade de aposentadoria também participam em grande número nas manifestações. A maioria, insatisfeita com o actual governo, pede qualidade de vida.

Na periferia de Paris, em Nanterre, 200 jovens encapuzados atiraram pedras e
incendiaram carros. A polícia teve de intervir violentamente, dispersando a multidão com gás lacrimogéneo.

Os números

De acordo com a Confédération Générale du Travail (CGT), a principal central sindical francesa, 3,5 milhões de franceses saíram às ruas, em 260 protestos realizados em todo o país. Já o governo aponta para 1,1 milhão de manifestantes.

Segundo uma pesquisa feita pelo instituto BVA, 54% dos franceses apoiam uma greve geral
maior ou igual à de 1995. Na altura, os manifestantes criticavam a reforma do sistema da segurança social. Caso o governo não recue nas suas intenções, a população é favorável a uma grande greve, como afirma Teresa, cidadã francesa e funcionária de um centro de apoio aos idosos.

Nunca o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tinha atingido valores de popularidade tão negativos. De acordo com o barómetro BVA-Orange-L’Express-France Inter, 69% dos
franceses desaprovam o actual governo.