Um arquitecto luso-holandês é também o principal responsável por um projecto de construção de duas pontes flutuantes no arquipélago das Maldivas. Para além das pontes, também cabe a Jorge Moura a concepção do design dos edifícios que vão ser construídos na nova ilha.O projecto inclui, também, a construção de uma área comercial com um shopping aberto, apartamentos de luxo, uma zona de restauração, um resort, uma praia e ainda uma marina. A nova ilha vai ficar ligada às ilhas Male e Tilafushi pelas duas pontes (uma com 330 metros e outra com 1400 metros).

Jorge Moura refere que o desenvolvimento deste projecto implica “que o design tenha em conta tanto os desafios de construção, como o impacto ambiental”, mantendo-se, ao mesmo tempo, “dentro do orçamento disponível.” A original estrutura flutuante das pontes deve-se ao facto de o mar, que circula as ilhas, ser muito profundo, detalha o arquitecto. A construção de pilares implicaria, assim, não só um custo maior, mas também um impacto mais negativo no ambiente. “No futuro, o conceito das duas pontes flutuantes pode ser utilizado para ligar as restantes ilhas do arquipélogo, e, assim, preservar as qualidades das Maldivas”, esclarece.

Pode parecer complicado, mas o arquitecto luso-holandês afirma que a construção das pontes flutuantes não é o mais difícil. O que exige um maior esforço é “manter as pontes nos seus locais e estáveis em caso de tempestades”. “Isto consegue-se com recurso a vários cabos especiais, presos no fundo do mar”, assegura. O arquitecto prevê que o projecto para a nova ilha leve alguns anos a concretizar-se, pois está dividido em quatro fases. “A primeira fase já está concluída”, refere Jorge Moura, “e vamos agora arrancar com um plano para a fase dois”.

Preocupação com o meio ambiente

O trabalho desenvolvido pelo arquitecto luso-holandês já foi premiado com o NET 2010 – Prémio Nacional Energia do Futuro. O galardão foi atribuído ao arquitecto que, juntamente com Syb van Breda, projectou a construção do edifício da Escola de Engenharia da Universidade de Haia, em Delf, na Holanda. Este prémio foi importante para o artista, pois distingue trabalhos de sustentabilidade ambiental, assunto a que Jorge Moura é sensível. “A arquitectura é, só por si, uma prática tão destrutiva que devemos fazer tudo o que podemos fazer para minimizar o impacto negativo no meio ambiente”, entende.

A preocupação com o impacto no ambiente também está sempre presente neste novo projecto para as Maldivas. Para além das pontes flutuantes, grande parte dos edifícios vão ser construídos de forma a evitar a utilização de um sistema de arrefecimento e também o centro comercial será aberto, para permitir a ventilação natural.

Apesar do tempo e da exigência que o projecto para uma nova ilha nas Maldivas representa, o arquitecto luso-holandês vai conceber um novo edifício de uma embaixada na Índia no início do próximo ano, dedicando-se, ao mesmo tempo, a um projecto no Vietname e outro em Angola.