Tem pouco mais de dois meses de existência, mas a verdade é que as origens da inculta.tv remontam ao início da década. Não o projecto em si, mas o – irónico – nome: inculta. Já há muito tempo que Carlos Morais, repórter de imagem da SIC, sabia que queria elaborar um projecto relacionado com a área cultural. Primeiro veio o nome, depois a descoberta das potencialidades do vídeo online. Por fim, em Fevereiro, investiu no desenvolvimento de um canal de vídeo que se dedica, em exclusivo, à cultura da cidade.

Mas atenção: a inculta.tv não é bairrista! “É da cidade e do Grande Porto porque fisicamente é-me impossível fazer mais”, salienta, ao JPN, o gestor do site, que aliás já tem feito contactos para “chegar” a Braga, Guimarães, Vila Real e Aveiro.

E porquê a cultura do Porto? Porque é preciso fugir ao centralismo dos centros de decisão, já que “algumas pessoas pensam que o país acaba na Segunda Circular”. Um desejo que está aliado à vontade de melhorar a transmissão de informação nesta área: “Os artistas são naturalmente elitistas e a ideia é tentar disponibilizar online os acontecimentos sem a característica elitista da cultura, sem intelectualidades, sem manias artísticas.”

Vídeos curtos e imediatos

Informação rápida e prática. Os vídeos raramente ultrapassam os dois minutos e os pequenos textos servem apenas de contextualização. Afinal, o que “interessa é dizer o que existe, mostrar um pouco o que existe”.

A inculta.tv, porém, não é obra de um homem só. Se Carlos Morais é a mãe, a paternidade é da responsabilidade de Paulo Pimenta, fotojornalista do jornal Público. Ambos são os responsáveis pela associação cultural que gere o site, mas apenas isso, enfatizam, porque o portal pertence, sim, a todos os que queiram contribuir. Actualmente, o projecto conta já com cinco colaboradores, mas a ideia é que os próprios artistas se sintam à vontade para fornecer conteúdos. Será “uma espécie de depósito cultural”.

O método “facebookiano”

A era já não é “orwelliana”. Carlos Morais prefere falar num mundo “facebookiano”. A verdade é que a inculta.tv nasceu primeiro no Facebook e só depois surgiu o site.

Foi na página de fãs que se iniciou a divulgação. Hoje com quase 2.500 seguidores, o portal continua a receber 80% das cerca de 200 visitas diárias a partir desta rede social.

Carlos Morais não se cansa de repetir que o portal ainda não está finalizado. “Decidi pô-lo online como está para partilhar a construção. Só daqui a nove meses é que vai nascer”, graceja. Sugestões e críticas são bem aceites, até porque nem o próprio criador “sabe bem o que a inculta.tv é”.

O futuro passa por… abrir outro site. Não um canal de vídeo, mas uma espécie de blogue comunitário, em que todos, mediante registo, são livres de publicar e divulgar os seus projectos culturais. E, para já, sem publicidade ou lucros. “Não tenho perfil, nem tempo, para ser vendedor.” Está dito.