A Cimeira da NATO, que tanto tem dado que falar, está a poucas horas de se iniciar, na FIL, em Lisboa.

Hillary Clinton, secretária de estado dos EUA, já se encontra em Portugal; Obama chega a território nacional pelas 11h00. Ao todo, entre sexta-feira e sábado estão em Lisboa mais de 40 chefes de Estado e de Governo e 70 ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, já para não falar dos representantes máximos das Nações Unidas e da União Europeia.

Em cima da mesa está o conceito estratégico da NATO. O grande objectivo é adaptar a estrutura aos perigos do século XXI, nomeadamente o terrorismo e os ataques cibernéticos. Também a transferência de poder para o governo de Cabul programada para 2011 será discutida.

No sábado, realiza-se uma reunião entre a NATO e a Rússia, prevendo-se um amenizar das relações entre os dois.

O outro lado da Cimeira

Para lá de todas as decisões políticas e estratégicas, a reunião poderá igualmente acarretar outro tipo de consequências. À imagem do que tem acontecido em eventos desta natureza, anarquistas e militantes de extrema-esquerda estão a organizar várias manifestações anti-guerra, programadas para acontecer em diversos pontos da cidade de Lisboa. Também conhecidas por anti-cimeiras, estas acções têm sido amplamente divulgadas na internet, especialmente através das redes sociais, o que leva a crer que a adesão poderá ser significativa.

De todas as movimentações contrárias à cimeira de Lisboa, uma preocupa especialmente as forças policiais. Mais do que um mero grupo ou organização, o movimento Black Bloc é a face mais radical e violenta deste tipo de manifestações. A táctica utilizada pelos manifestantes – que, aliás, se destacou nas cimeiras G8 de Génova, em 2001, e G20 de Toronto, este ano – consiste basicamente no ataque às autoridades e a símbolos considerados como representativos do capitalismo.

A acção do Black Bloc atinge proporções difíceis de controlar pelas forças policiais. Se a isso se somarem as restantes manifestações previstas para os próximos dias, facilmente se conclui que o fim-de-semana em Lisboa será escaldante. À margem da cimeira da NATO, as atenções estarão obrigatoriamente viradas para o que se vai passar nas ruas da capital portuguesa, acima de tudo pela atenção que os media têm dispensado a este assunto.

Por essa razão, os dias 19 e 20 de Novembro vão esclarecer se os receios das autoridades – e as medidas de segurança adoptadas, de uma dimensão nunca vista em Portugal – eram justificados. Mais do que as resoluções da cimeira da NATO, o fim-de-semana vai ajudar a perceber de Lisboa estava realmente preparada para receber este evento e todas as suas consequências.