“Més que un club”. É o lema do Barcelona. “Més que un clásico”. Bem poderia bem ser o lema do Barcelona-Real Madrid. Não falo de história, nem de política. Não, não falo da rivalidade Catalunha-Madrid. Falo de futebol puro. Porque, no fundo é disso que se trata.
Desculpem, se posso parecer um “traidor” à pátria. Mas o Barça-Real é o clássico. O meu clássico. Olho-o e não vejo comparação. Quem consegue igualar o estilo rendilhado de passes que parecem não ter fim? Há alguém que faça tão bem “mind-games” como José Mourinho? Ou que se agarre a uma bola como se fosse a última, ao estilo de Messi? Imaginemos isto tudo condensado num só jogo. Em 90 minutos. Demasiado para tão pouco tempo, digo eu.
Se os deuses do futebol fizessem um hino ao desporto-rei seria com tiradas musicais deste encontro. Mas, perdoem-me os madridistas, a batuta seria dada a Xavi, Iniesta e Messi. Fariam um hino e intitulariam-no de “tiki-taka”. Perdoem-me todos os portugueses, mas Messi seria um dos maestros. Porque pelo que vi neste jogo (e não só), não só joga mas faz jogar. E mais do que fazer jogar, faz sonhar. Quem não revê no Messi aquele miúdo que era o melhor jogador do bairro? Sim, ele leva para o campo um bocado de nós. E nós lá vamos. Hipnotizados.
Para acabar com os pedidos de perdão, terão que me perdoar todos os “cientistas” do futebol. Todos os que gostam do futebol “insosso” do 1 a 0 . Perdoar-me-á Helenio Herrera, mas deixei de acreditar no “Catenaccio”. Hoje, o Barcelona voltou a refutar-vos. Hoje, o futebol arte deu ar da sua graça. Posso dizer que Guardiola ultrapassou Cruijff. Vou mais longe até. Arriscando uma blasfémia, digo que Messi suplantou Maradona. O aprendiz finalmente voa mais alto que o mestre.
Se chegar o dia em que sentirem que perderam a esperança no futebol, liguem a televisão, procurem um jogo do Barcelona e…rendam-se.