Originalidade é a palavra de ordem. Um filósofo, um arquitecto, um produtor áudio e um engenheiro informático. São três vozes diferentes e um guitarrista tímido que canta de vez em quando. Fazem da guitarra, violino e da pandeireta, bateria. “Brincadeira por experimentalismo”, justificam.

Os Long Way to Alaska são uma banda formada por quatro jovens bracarenses, formada no início de 2009, que promete ter ainda muito para oferecer. Querem mostrar que Braga é mais que a cidade do rock e do metal, a par de nomes como Smix Smox Smux e peixe:avião.

Na passada sexta-feira, Nuno Abreu, Lucas Carneiro, Gil Oliveira e Gonçalo Peixoto apresentaram “Eastriver” que inundou a sala do Passos Manuel com uma intensidade vibrante. Um concerto com uma plateia composta e muita cumplicidade.

Alterando um folk animado de puro “cheer up!” com sons de melancolia e arrepio, foram conquistando aos poucos a plateia tímida que os acompanhou em voz durante a curta hora de concerto. Nuno Abreu tem um nome para a nova sonoridade: “Punk de baloiço.” “É um espírito de revolta com uma sonoridade mais fofinha. Como dizia o Miguel Marques, é melicodoce.”

Simpáticos e interactivos, apresentaram “United Colors of Patapon” como “uma música que fala de meninas” e “Lovers ‘Lollypops”, referência aos seus mentores, foi dedicada a todos os que os têm ajudado neste percurso porque atrás de “quatro miúdos, estão dez homens”, brinca Gil Oliveira. Não é por acaso que esta é a música que melhor “mostra o apreço pelas pessoas” que sempre apoiaram o grupo.

De miúdos já têm pouco

Mas estes miúdos já são muito mais que isso. A rondar os vinte e poucos, mas com uma maturidade musical bem maior, alternam entre instrumentos com uma facilidade tremenda e uma coordenação de destacar. Nem o nervoso miudinho pela falta de experiência ao vivo os intimidou.

Amigos de longa data, Lucas Carneiro e Nuno Abreu começaram por “ir fazendo umas músicas”. Uma delas fugiu à regra. “Surgiu outra sonoridade por acaso” e rapidamente esta dupla criou uma conta no MySpace e começou a levar o projecto mais a sério. Nuno Abreu já conhecia Gil e Gonçalo, e como explica Lucas, “convidou-os para a banda, porque eram gajos que até sabiam tocar”.

Rapidamente lançaram o EP “Melodies to Greet Sunrise and Feed Sunset” e daí foi um pulinho até às salas de espectáculos do país. “Nenhum de nós tinha alguma noção de que isto poderia chegar onde chegou.” Tudo começou com a divulgação de algumas músicas no blogue da promotora Lovers & Lollypops. O feedback foi muito bom e o burburinho cresceu.

Para quem não pensou sequer ter dinheiro para gravar um álbum, já chegaram muito longe. A sua faixa marcou presença no “Novos Talentos Fnac 2010” e, em Maio, estavam a abrir o concerto de The XX na Aula Magna. “Foi bom e stressante”, diz Nuno Abreu.

Agora, apresentam o primeiro álbum fresquinho. No final do concerto, fazem o tradicional encore e voltam para “Growing”, gritando, convictos, e a plenos pulmões “we are starting to grow”. E estão mesmo.