Sob o lema “Rigor com consciência social”, Rui Rio fez, sexta-feira, um resumo dos principais resultados de nove anos de mandato na Câmara Municipal do Porto (CMP), frizando que é “possível ganhar eleições sem esbanjar dinheiro”.

Entre as diversas conclusões apresentadas, Rui Rio destaca a reforma das Águas do Porto, bem como a “certificação dos serviços” camarários, passando, ainda, pela “utilização das novas tecnologias” para “chegar aos cidadãos”. A reabilitação do Mercado Ferreira Borges, a crescente actividade do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos e a expansão da rede do Metro do Porto, que começou a operar já durante o seu mandato, são, também, encaradas como vitórias para o autarca.

Entre as “promessas” e novidades (quase escassas) anunciadas por Rui Rio no seu discurso, o anúncio de que o contrato de reabilitação do Mercado do Bom Sucesso vai ser assinado “ainda em Janeiro” e de que a revisão do projecto para o Pavilhão Rosa Mota poderá estar concluída antes do final de Fevereiro. A reabilitação da Baixa do Porto também foi um dos temas abordados, com Rui Rio a expressar vontade de trazer mais inquilinos para a Baixa, para rentabilizar o comércio tradicional.

Já quanto ao futuro, um recado: a CMP continua a querer colocar a divisão de trânsito a cargo da Polícia Municipal (PM), para evitar uma “dupla intervenção” e gerar maior eficácia, visto que, apesar do reduzido número de funcionários da PM, a presença de polícias municipais é “francamente maior” do que a de agentes da PSP.

Pelo caminho, houve ainda tempo para criticar, mais uma vez, a decisão governamental de terminar com o programa “Porto Feliz” e quem defende o cancelamento do Circuito da Boavista por causa da crise. O Porto, diz Rui Rio, só não sofre mais com os efeitos da “lamentável situação a que o país chegou”, porque as contas são feitas “à moda do Porto”, com pagamentos a “tempo e horas” e sem gastar mais do que é permitido.

País precisa de “mudança de protagonistas”

Manuela Ferreira Leite foi a convidada deste ano, para falar da “grave crise económica e financeira que se vive em Portugal”. A antiga ministra das Finanças falou dos “erros a não repetir” na gestão do país e dos “caminhos a seguir” a partir de agora.

Para Manuela Ferreira Leite, os “erros de política”, a dependência do crédito, as “taxas de poupança baixíssimas” e a “fraca produtividade” empobreceram Portugal, conduzindo o país à crise economico-financeira que hoje atravessa. Para Ferreira Leite, a resposta à crise passa, obrigatoriamente, pela “mudança de protagonistas”, pelo que considera importante chamar os jovens para a política.

Antes de discursar sobre a desacreditação da “classe política”, arreigada dos cidadãos, que nela “não se revêem”, Manuela Ferreira Leite ainda teve tempo para deixar elogios rasgados ao mandato do militante do PSD, dizendo que o seu “trabalho é reconhecido pelos portuenses” e que Rui Rio é um “exemplo de seriedade e sentido de serviço público”, desenvolvendo as suas acções “em benefício dos habitantes”.