O intercâmbio cultural é uma das principais estirpes do programa Capital Europeia da Cultura (CEC). A promoção transnacional de profissionais e produções culturais fomenta o diálogo intercultural e fortalece a rede de indústrias criativas e associações. Nestes encontros de jovens de vários países, é possível trocar conhecimento entre aqueles que já tiveram as suas cidades privilegiadas e os que ainda passarão pela experiência.

A European Capital of Culture Rádio, mais conhecida por EPeKa, é um exemplo de associação cultural que tem promovido várias actividades em Maribor, cidade eslovena que receberá o título CEC juntamente com Guimarães, em 2012.

Uma das colaboradoras, Anja Visnikar, explica ao JPN, durante uma das iniciativas, que uma das grandes motivações do CEC no caso esloveno diz respeito a “estratégias económicas internas”, já que a “pequena dimensão da Eslovénia”, quer em grandeza territorial, quer em impacto político e económico na UE, “não favorece a distribuição equitativa de verbas, que ficam concentradas em Ljubljana”, a capital.

Desta forma, e com a atribuição do CEC 2012 a Maribor, “não só os eslovenos, mas outros povos passarão a olhar para Maribor”. “Especialmente os portugueses, que estarão a festejar connosco”, completa.

A perspectiva portuguesa

Portugal, que participou do projecto pela primeira vez em 1994 com a nomeação de Lisboa, já conseguiu ter, nesta década (a partir da promoção da cidade do Porto em 2001), os “olhos voltados para a região Norte”, afirma Sara Souza, que participou no intercâmbio oferecido pela EPeKa. Nessa participação, os “interesses turísticos” do Porto fora projectados “para um público interno”, mas também servieram para a “divulgação de Portugal na União Europeia”.

Não obstante, no caso da Polónia, que possui um território quase três vezes maior que o de Portugal e o da Eslovénia juntos, a situação não é nada diferente. Em 2000, a nomeação de Cracóvia, no sul do país, levou a “distribuir as atenções para regiões periféricas, dado que a Polónia tem um território grande se comparado com outros países da UE”, diz a polaca Agata Mroczek, uma das participantes do “EPK Radio – European Capital of Culture”, em Maribor, onde o JPN também esteve presente.

A eslovaca Viktória Cechova diz que as preparações para o CEC em 2013 em KoÅ¡ice, a segunda maior cidade da Eslováquia, “têm sido uma aprendizagem nacional, e não apenas de uma região”. Há, por causa da iniciativa, uma “maior distribuição da riqueza do país” e os cidadãos aprendem a “valorizar a pluralidade cultural do povo”, afirma.

No Chipre, os preparativos ainda se prolongam por mais sete anos, mas Nocilas Chvistafi adianta que a “a inserção política na UE é uma dos principais factores positivos para o país”.

Já a Itália foi um dos países mais contemplados pelo projecto, participando em três edições (Florença 1986, Bolonha 2000 e Génova 2004), estando já inscrita para concorrer em 2019. Para Matteo Ciotta, que já participou em maid de dez intercâmbios culturais, “o grande êxito” deste tipo de iniciativas tem a ver com a “transformação interna do país”, sobretudo “no sentido ideológico”, mudando “a mentalidade dos italianos”. “Muitas pessoas passaram a compreender melhor que existem muitas “itálias” dentro da Itália”, entende.