Mais de vinte anos após a primeira edição, o Programa Capital Europeia da Cultura (CEC) tem, agora, por grande motor a realização de projectos arquitectónicos, quer seja de casas de espectáculos, teatros, estruturas de indústrias criativas, monumentos citadinos ou revitalizações urbanas.

Na cidade vimaranense, criou-se a Fundação da Cidade de Guimarães para coordenar os projectos de infra-estrutura, programação cultural e planeamento de comunicação. Para a presidente, Cristina Azevedo, “o sucesso deste importante evento passará necessariamente pelo reforço da capacidade produtiva cultural de Guimarães”, sendo, por isso, “premente que Guimarães tenha gente capaz de produzir cultura que resista a 2012 e que persista activa depois de 2012”.

Cada uma das duas cidades espera receber cerca de 1,5 milhões de visitantes durante o ano de comemorações.

Guimarães 2012: investimentos em infra-estruturas

Plataforma das Arte – 16.800.000 euros
PRU – Campurbis – 9.885.000 euros
Reabilitação do Toural/Alameda/ StºAntónio – 8.200.000 euros
Veiga de Creixomil – Ribeira de Couros – 4.700.000 euros
Novo Recinto da Feira Semanal – 2.400.000 euros
Extensão do Museu Alberto Sampaio – 2.294.000 euros
Laboratório da Paisagem – 2.200.000 euros
Casa da Memória – 1.840.000 euros
Ampliação da Biblioteca Raul Brandão – 905.000 euros
Monte Latito e Campo de S.Mamede – a definir
Fonte: Câmara Municipal de Guimarães

Projectos vimaranenses privilegiam arquitectos portugueses

Todos os projectos abarcados no programa “Guimarães 2012: Capital Europeia da Cultura” são de arquitectos portugueses, sobretudo da região do Minho. “A nossa preocupação é recrutar mão-de-obra portuguesa”, diz Cristina Azevedo, que encara esta iniciativa como uma “grande oportunidade de gerar empregos”.

O projecto de infra-estrutura CampUrbis é exemplo de uma das parcerias entre a Câmara Municipal de Guimarães e a Universidade do Minho. A Escola de Arquitectura é uma das contempladas no trabalho, que prevê a revitalização urbana de diversos eixos da cidade.

A principal intervenção proposta para o espaço público é a requalificação do Largo do Toural e de duas artérias do centro histórico, a Alameda de São Dâmaso e a Rua de Santo António. As obras, que custarão cerca de 8 milhões de euros, estavam previstas para acabar em fins de 2011, mas o atraso pode atirar a conclusão dos trabalhos para o início de 2012.

Esse projecto, coordenado pela arquitecta Maria Manuel Oliveira e pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Minho, prevê que a Praça Toural receba novamente o chafariz do século XVI que, há mais de um século, foi transferido para o Jardim do Carmo. O piso do Rossio será desenhado pela artista plástica Ana Jotta, tendo por base as pedras de quartzo e basalto que actualmente ornamentam o largo.

Outro importante projecto arquitectónico é a construção da Plataforma das Artes, cuja inauguração está prevista para 24 de Junho de 2012. A praça do Antigo Mercado será transformada num espaço multifuncional, dedicado a actividades artísticas, culturais e sócio-económicas distribuídas em três áreas programáticas: um Centro de Arte, Ateliers Emergentes de Apoio à Criatividade e Laboratórios Criativos.

Indústrias Criativas e Artes Plásticas ao serviço da Criatividade

O Centro de Arte José de Guimarães, a ser instalado num novo edifício com mais de 11 mil metros quadrados, contará com a colecção permanente do artista plástico que dá nome ao espaço. O edifício é composto por uma área de exposições temporárias, um espaço polivalente destinado a actividades complementares de apresentações e pequenos espectáculos e um pequeno parque de estacionamento.

Outra área programática são os Ateliêrs Emergentes de Apoio à Criatividade, distribuídos em espaços utilizados por artistas iniciantes que pretendam desenvolver projectos de carácter temporário. O edifício do antigo Mercado Municipal ainda vai receber um restaurante/cafetaria e uma livraria. A Plataforma das Artes conta, ainda, com Laboratórios Criativos, a partir da instalação de gabinetes de apoio a empresas da indústria criativa. Prevê-se a criação de salas de trabalho e espaços complementares de apoio comuns a todo o conjunto.

Além da Plataforma das Artes, a Casa da Memória é outra importante obra da CEC. O museu, que reunirá objectos e documentos assentes da história vimaranense e das suas personalidades mais ilustres, será instalado na antiga Fábrica de Plásticos Pátria e vai custar cerca de 1,9 milhões de euros. A degradação do local obrigará a uma intervenção demorada, pelo que dificilmente estará em condições de receber eventos, pelo menos dentro do prazo previsto.

Para além disso, a requalificação de espaços estende-se a outros sítios, como é o caso do antigo Teatro Jordão, adquirido por 2,3 milhões de euros. A Câmara Municipal de Guimarães ainda não decidiu, no entanto, o destino do teatro, fechado há mais de duas décadas.