Os “presentes arquitectónicos” que são dados às cidades contempladas “tornaram-se num dos sectores mais estratégicos” da Capital Europeia da Cultura (CEC), por “estabelecerem perspectivas de maior duração, geralmente associadas a décadas após o programa ter sido realizado na cidade”, afirma Vladimir Rukavina, director-geral de “Maribor 2012 – European Capital of Culture”.
No segundo maior município esloveno, a reestruturação urbana e os edifícios construídos estão projectados sob perspectivas estéticas, funcionais e tecnológicas para servirem a população durante, pelo menos, vinte anos. Mais de 400 projectos arquitectónicos, advindos de quase cinquenta países, foram submetidos à Comissão Organizadora do CEC Maribor.
As cidades de 2012:
– Maribor: Pátios, praças e museus desenhados “fora de portas”
– 2012 é o ano de Guimarães e Maribor
– Capital Europeia da Cultura: O que muda nas cidades?
– Guimarães e Maribor partilham futebol, teatro e até uma orquestra
– Guimarães: Requalificação a cargo de arquitectos portugueses
A directora do Departamento de Arquitectura e Arte Contemporânea, Simona Vidmar, diz que a organização do evento escolheu criar uma competição e não apenas “encomendar” os projectos, porque viu nisso uma “excelente oportunidade para a promoção de Maribor e da Eslovénia em diferentes países”. A competição foi, assim, um “importante passo em direcção à abertura da arquitectura eslovena para o mundo”, entende.
Mais da metade dos trabalhos enviados por arquitectos de várias regiões do globo foi destinada à construção da Art Gallery, cuja inauguração está prevista para Julho de 2012. Na escolha do projecto final, quatro equipas foram premiadas.
Os húngaros Tamás Léval e Ágnes Jószal angariaram o primeiro lugar e serão os principais responsáveis pela obra da Art Gallery, cuja área definitiva é de 14 mil e oitocentos metros quadrados. “Os edifícios apresentam volumes orgânicos aliados a um elegante design que privilegia formas uniformes e rebocos à base de resina branca”, explica a directora Simona Vidmar. Os oito mil metros quadrados dedicados a espaços de exposição também ficam a cargo da dupla de arquitectos.
Também Portugal tem espaço em Maribor
Já os portugueses Pedro Oliveira, Gilberto Reis, Pedro Morujão, Guilherme Carrilho de Graça e Leonor Cheis dividem o terceiro lugar com os croatas Lea Pelivan e Toma Plejic. O foco arquitectónico do trabalho do grupo é a criação harmoniosa de composições que reflictam o lado histórico de Maribor e de composições que evidenciem a “new city”.
De Nova Iorque, surge o projecto para pátios, praças, lojas e playgrounds do Children’s Museum, do Architectural Centre e do Creative Industry Centre, incluindo uma livraria. As construções projectadas por Dong-Ping Wong e Oana Stanescu foram apreciadas pelo júri como “referências de um grande dinamismo, cuja forma amorfa sugere ressonância com o meio ambiente e atende a uma abertura democrática com um público diversificado”, aponta Vidmar.
Outro projecto que faz parte do programa da Capital Europeia da Cultura 2012 é a construção de uma ponte para pedestres e ciclistas sob o rio Drava, ligando a região Lent, no centro da cidade, a Tabor, na outra margem. Esta obra é bastante simbólica porque será construída no mesmo sítio em que existiu, entre 1906 e 1912, a ponte de madeira símbolo da existência do império austro-húngaro na região.
“Podemos observar que, no caso da ponte, o júri privilegiou formas simples e valorizou o material empregado”, comenta Simona Vidmar. “Já na Art Gallery, foi justamente o contrário: as formas foram de importância fulcral”, comenta.
Para o director-geral de Maribor 2012 – European Capital of Culture, Vladimir Rukavina, a ponte recreativa e os edifícios culturais que estão a ser construídos “possuem a função de criar uma nova cidade”, que respeite, explica, “os arcabouços do passado e os necessários debruçamentos sobre o futuro a partir da harmonia entre o antigo e o novo”.