13h45. Alcides desloca, sozinho, o carro para o quinteiro. É lá que se vai amarrar o porco para o matar. Os familiares começam a chegar para ajudar a segurar os animais.

Juntam-se quatro homens, entre eles Alcides, e algumas mulheres, incluindo Adília. Agarram na porca, no curral, e põem-na em cima do carro. A porca esperneia e grunhe durante bastante tempo. Só após sentir a faca espetada no pescoço é que vai perdendo as forças até que já não se ouve nenhum som. Morre. Silêncio.

Apenas se ouve o sangue a cair numa bacia larga, o sangue que saiu do animal, o sangue que Adília vê sempre sair do pescoço. É ela que empunha a faca desde sempre.

Regressa o falatório. Conversam sobre a maneira como a porca se portou. Foi muito agressiva, por sinal. De seguida, transporta-se o animal para a parte cimentada do quinteiro que momentos antes foi varrida. É hora de chamuscar o porco: queimar os pêlos e a “bola” (pele). Cheira a queimado. Adília mexe o sangue para não “acolhar”; caso contrário, já não dá para fazer os chouriços de sangue e outros enchidos que são muito admirados na aldeia.

O passo seguinte é raspar o queimado com facas ou pedras e lavar e pendurar o porco para abrir. Do interior, saem as famosas tripas, o coração e os pulmões. Ainda há muito sangue no interior do porco, que já não se aproveita. Já “acolhou” e, por isso, não serve para nada.

Depois de mexer o sangue, as mulheres desenriçam as tripas para as lavarem na fonte. Tem que se ter muito cuidado para nenhuma rebentar. Lá fora está a trovejar. Começa a chover intensamente.