Actualmente, existem cerca de 130 ocupações no Bom Sucesso. A redução do número de comerciantes nos últimos anos é grande: há dez anos, o mercado tinha cerca de 250 ocupantes, sendo que, há vinte, o número de ocupantes rondava os 400. À medida que as lojas iam sendo abandonadas, a Câmara Municipal do Porto (CMP) não autorizou que novos comerciantes ocupassem os lugares disponíveis.

Para Jorge Lopes, responsável pela fiscalização do mercado, o Bom Sucesso está a precisar urgentemente de uma intervenção. Além da degradação, o funcionário considera que o próprio modelo dos mercados foi ultrapassado com o aparecimento de grandes cadeias de grossistas, o que constituiu “o início da derrocada comercial deste mercado”.

Quando a câmara apresentou a situação aos ocupantes do mercado, há dois anos, uma larga maioria afirmou que estaria disposta a ir embora, especialmente se houvesse uma indemnização. “Claro que, se fizer uma auscultação pública, todos eles dizem que querem ficar”, explica Jorge Lopes, acrescentando que, no entanto, muitos dos vendedores já são de idade avançada e não têm condições para continuar a trabalhar.

Os ocupantes do mercado têm opiniões diferentes sobre a hipótese de receber indemnizações e abandonar o mercado. Domingos Pereira, talhante, entende que será “óptimo” se colocarem o mercado nas mãos de privados, pois serão eles que “terão de ver” e os ocupantes terão “de suportar”. “Quem não quer, vai embora”, diz. Já Dona Glória, que trabalha nos produtos hortícolas, é uma das que quer ficar. Garante que, quando veio para cá com 16 anos, o mercado era ainda muito parecido com o que é hoje. “Isto aqui tem muito valor”, defende a vendedora. “Isto faz muita falta, nunca havia de desistir”, explica.

Classificação limita a intervenção

A classificação do Mercado do Bom Sucesso traz benefícios, como a isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis, e obriga a que todas as intervenções sejam licenciadas passando primeiro pelo crivo do Ministério da Cultura, através do IGESPAR. As definições da Zona de Protecção, que delimitam, por exemplo, o teor das mudanças que podem ser feitas, foram publicadas juntamente com a notificação pública da classificação, a 25 de Janeiro.

O processo de classificação impede que sejam feitas certas intervenções, pelo que as obras previstas pela empresa de construção Eusébios não poderão arrancar sem que o projecto final seja aprovado pelo Ministério da Cultura. O contrato entre a CMP e a Eusébios foi assinado apenas no fim de Janeiro, mas o projecto definitivo só deverá receber o alvará de construção no próximo ano.

Notícia corrigida às 13h10