É já a partir de hoje, quarta-feira, que a associação Campo Aberto inicia um conjunto de debates sobre os cinco anos de acção do Plano Director Municipal (PDM) (ver caixa) O objectivo passa por auscultar as reflexões dos cidadãos em geral e dos representantes políticos em particular, “promovendo e debate e fomentando a apresentação de soluções e propostas de alteração”.

Cinco anos de PDM do Porto

  • 23/02: A Perspectiva Política.
  • 23/03: A Perspectiva Histórica do Planeamento.
  • 20/04: O PDM no contexto de uma área metropolitana – O caso da AMP.
  • 21/05: Como se constrói a “leitura” do território apresentada num PDM.
  • 22/06: PDM vs Cidadania.
  • 07/07 PDM Porto – Plano estratégico de uma cidade sustentável de média dimensão
  • Esta primeira sessão analisa a avaliação politica da utilização do PDM, contando com a presença dos representantes dos diferentes partidos representados na Assembleia Municipal do Porto, nomeadamente José Castro (BE), Pedro Moutinho (CDS-PP), Rui Sá (PCP), João Diogo Alpendurada (PSD) e Correia Fernandes (PS). O debate realiza-se às 21h15 no Clube Literário do Porto, local que vai receber a maioria das sessões.

    Nestes “fóruns abertos” vão estar assim presentes os “principais dirigentes e representantes dos diferentes partidos”, pessoas capaz de legislar de acordo com aquilo que “as pessoas sentem” no que diz respeito às questões ambientais, como revela, ao JPN, Vítor Silva, membro da direcção da associação.

    Há cinco anos, a Campo Aberto fez uma análise inicial do PDM e concluiu que existiam aspectos positivos e esperanças no plano que agora está em debate, mas ao mesmo tempo alguns valores naturais estavam sacrificados.O balanço, cinco anos depois, é “muito difícil de fazer”, confessa Vítor. “Parece-nos que em caso de dúvida se decide sempre a favor do betão e menos a favor do verde”, admite, ainda assim. Há, no entanto “uma vitória a nível do Parque da Cidade”, que vai ser alargado.

    “Não é muito fácil convencer as pessoas que para fazer coisas é preciso saírem de casa, participarem em reuniões, produzirem ideias, trabalharem em conjunto. E com os partidos, às vezes, passa-se um pouco isso. Vivem num mundo com poucas ligações, quer com os cidadãos, quer com as associações”, lamenta o responsável, evidenciando a importância de encontros deste género.

    Futuro da Associação e do Ambiente

    Relativamente ao futuro da associação, Vítor Silva ressalva que vão organizar “actividades e tertúlias que permitem promover a participação, promover o pensamento das questões ambientais e fomentar a apresentação de ideias”,

    No que toca ao ambiente, a Campo Aberto pretende fomentar “o aumento da consciência ambiental no Porto” e potenciar a utilização de “dois instrumentos que existem a nível administrativo”: o Conselho Municipal do Ambiente, que “reúne muito esporadicamente e não funciona como órgão consultivo como deveria ser”, e a “Comissão de Acompanhamento Urbano”, uma ideia que surgiu há cinco anos e que ainda não tem uma aplicabilidade prática.

    Para Vítor Silva, este seria “um órgão constituído por associações e pela câmara, cuja finalidade é permitir que projectos mais complexos, que possam causar mais choque entre a cidade, as pessoas e o ambiente, possam ser analisados a priori pelas diferentes partes interessadas e não apresentados como um facto já consumado, que é o que tem sido feito actualmente”.

    A Associação

    A Campo Aberto surge no Porto no final do ano de 2000, tendo um campo de actuação que “vai muito mais além do que a área metropolitana do Porto”. “Debruça-se sobre o país em geral, no ponto de vista do ambiente, com particular incidência em toda a região noroeste”, salienta, ao JPN, José Carlos Marques, presidente da associação.

    Já com dez anos, acabados de fazer a 29 de Dezembro de 2010, a Campo Aberto “nasceu de um pequeno grupo e continuou sempre com uma dimensão relativamente pequena, mas teve um carácter bastante dinâmico”. “Digamos que a repercussão que a sua acção tem tido na cidade e na região tem sido, talvez, um pouco mais optimista do que a sua dimensão física”, reforça.

    Mas as limitações também fazem parte destes dez anos, as quais passam pela “falta de meios e de pessoas”. Ainda assim, salienta o responsável, a associação conseguiu “que os problemas do ambiente e da natureza que até aqui eram vistos mais como coisas que não tinham muito a ver com a cidade passassem a ter bastante a ver com as áreas urbanizadas e com as regiões metropolitanas, nomeadamente a do Porto”.