Se o ano passado o “Fantas” homenageou a robótica e em 2009 a arquitectura, na 31.ª edição o festival volta-se para as artes plásticas.

Para o efeito foram realizados 17 documentários sobre artistas plásticos, numa parceria entre o Fantasporto/Cinema Novo, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e a Escola das Artes da Universidade Católica. Os trabalhos vão ser exibidos até sábado no Pequeno Auditório. Apresentando a primeira sessão, na quarta-feira, Beatriz Pacheco Pereira, directora do festival, afirmou que estes trabalhos têm como objectivo apoiar as artes em Portugal que, considera, não têm o devido reconhecimento.

João Paulo Ferreira, estudante de mestrado de Gestão de Indústrias Criativas, trabalhou com Augusto Canedo, pintor e co-fundador das galerias Quadrado Azul e Por Amor à Arte, no Porto. “Como pessoa e como artista é cinco estrelas e não teria conseguido fazer este documentário – do qual me orgulho – com outro artista que não ele”, confessou ao JPN.

André Guiomar, aluno mestrado em Cinema e Audiovisual também na Católica, optou pelo trabalho do escultor Paulo Neves. Juntamente com Miguel da Santa e Vasco Pucarinho, os três realizadores decidiram retratar o artista centrando-se apenas no seu trabalho, acabando por não recolher qualquer depoimento para o filme.

A escolha de um escultor não foi ao acaso, uma vez que a tridimensionalidade permite “uma maior liberdade de abordagem” no vídeo, diz André. “Em relação ao produto final estamos os três bastante contentes com o filme. Temos a consciência que nada mais poderíamos ter feito em tão pouco tempo.”

Para o estudante, esta iniciativa foi uma oportunidade única para todos os alunos: “Trouxe-nos novas visões, troca de impressões e conhecimentos que vão ser úteis para o futuro.”

Já Miguel Lopes Rodrigues, a frequentar a licenciatura em Som e Imagem, escolheu Alberto Péssimo como protagonista do documentário. “Não conhecia nenhum dos artistas, mas o nome ‘Péssimo’ chamou-me a atenção. Fiquei com uma vontade enorme de saber quem ele era”, diz.

Neste filme o artista encontra-se a “desenvolver uma obra à medida que o filme se desenrola”, conta Miguel, salientando que este tipo de realização foi totalmente ao encontro do objectivo do pintor. Alberto Péssimo demonstrara o desejo de integrar um documentário semelhante ao já feito sobre Pablo Picasso, em que o artista espanhol se encontra a pintar uma tela durante todo o filme. “Quis demonstrar o artista na totalidade”, remata o aluno.

Os documentários são candidatos à nova secção competitiva do festival que vai atribuir um Grande Prémio de Cinema Português e o Prémio Jovem Realizador.