O museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) inaugurou, esta quinta-feira, a exposição “Observatório” que vai estar em exibição até 17 de Março. Trata-se das memórias que os alunos do doutoramento em Arte e Design (DAD) foram construindo, através de diferentes formas de expressão, do Observatório da Serra do Pilar.

Ao JPN, Ana Pais Oliveira, uma das participantes, salienta que “o Observatório é um espaço de transição, uma vez que funcionou como uma estação meteorológica e vai ser transformado em museu”. Por esse motivo, continua, “o que existe no observatório, neste momento, são memórias”, existindo “poucos objectos” a preencher o espaço físico do local.

Várias são as abordagens que os alunos do DAD procuram expor para definir a história e a influência do Observatório do território. Miguel Luiz Ambrizzi, participante na exposição, explica ao JPN que “cada um teve a sua visão, que é totalmente diferente uma da outra, a partir da sua própria experiência com o espaço”.

Algumas das obras presentes

Ambrizzi, estudante brasileiro, decidiu mergulhar na sua infância para retratar a memória do Observatório. “Quando cheguei lá com os meus colegas, estava tudo vazio, tudo fechado e eu só via os sensores que se assemelham aos cataventos“. Por isso, prossegue, pensou “num jardim de cataventos, onde o professor Manuel Barros é o jardineiro, que cuida do jardim e que não deixa que ele morra”.

Carla Rendeiro também mostra no seu trabalho um forte contributo da sua experiência de vida. “Ao vento no meridiano” é o título da sua obra e que ilustra um estendal com umas cuecas de criança gigantes. A escolha desta peça “foi pensada a partir do local, do significado do lugar, da memória do tempo” e partiu de uma ideia: “quando há roupa a secar há gente”.

A tecnologia também marca a exposição. Pedro Cardoso e Sérgio Eliseu juntam os videojogos à realidade aumentada e constroem uma memória interactiva com recurso ao iPhone do Observatório.

“É um jogo de interface, através do qual vamos podendo aceder às memórias que acabam por se traduzir em objectos tridimensionais. Partem de uma realidade física, através da qual modelamos e ficcionamos algumas partes, exactamente como nas memórias”, diz Sérgio, explicando o conceito de “Hipermemórias“.

A questão “Onde vamos morar?” dá o nome ao trabalho de Ana Pais Oliveira. A estudante do doutoramento retrata ao longo de dez quadros “o Abrigo de Stevenson que existe no espaço exterior do Observatório e que servia para albergar os objectos para a medição da temperatura, tendo por função abrigar e proteger algo”.

Ana Pais Oliveira apropriou-se do objecto “para uma série de representações que privilegiam a sua vertente arquitectónica, bem como essa função de protecção, como se guardasse memórias vulneráveis ao tempo”.