A ideia de criar uma rede social dedicada ao voluntariado surgiu em 2010 mas foi preciso esperar por 2011 para se assistir ao lançamento do VolunteerBook. A base para a criação desta rede social portuguesa é a Bolsa do Voluntariado, o maior site nacional de voluntariado. Pelas mãos da Entrajuda, instituição particular de solidariedade social, são já mais de 16 mil os voluntários inscritos e mais de 950 as associações envolvidas.

Atingir um público mais jovem é, segundo a dinamizadora do projecto, Isabel Jonet, um dos propósitos da iniciativa . A também presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome garante que a Entrajuda “quer estar presente nos espaços frequentados pelos jovens”.

A ideia é transformar o voluntariado num “tema de conversa e de discussão” e promover “uma participação cívica que se quer mais activa”. Em apenas um mês, o VolunteerBook já conseguiu reunir quatro mil fãs na rede social Facebook. Segundo Isabel Jonet, a aplicação recebe, em média, cem consultas por dia e, no primeiro mês, já atingiu as onze mil visitas.

Para além da adesão de milhares de voluntários, também as empresas se têm associado ao projecto. De acordo com a criadora, diversas “organizações e entidades” têm utilizado a plataforma para “divulgar os seus próprios projectos de sucesso”. A ideia é “incentivar as próprias organizações, empresas e voluntários a gerar conteúdos” na aplicação, “partilhando histórias e testemunhos” que inspirem os outros.

Mesmo assim, Isabel Jonet não tem dúvidas de que o VolunteerBook pode atingir um impacto muito superior à Bolsa do Voluntariado, “já que as redes sociais amplificam todos os projectos e iniciativas”. A aplicação vem, assim, “dar visibilidade a acções de voluntariado”, funcionando, ao mesmo tempo, como “um local privilegiado para o debate e para a divulgação de exemplos e de boas práticas”. Apesar de estar satisfeita com a adesão, a presidente da Entrajuda ainda tem consciência do “longo caminho a percorrer”.

O voluntariado na primeira pessoa

Um dos objectivos do VolunteerBook é, para Isabel Jonet, funcionar como “um espaço de celebração e reconhecimento do voluntariado”, de modo a servir de exemplo para possíveis interessados em oferecer parte do seu tempo a causas nobres. É este o caso de Sónia Santos, higienista oral de 23 anos que, em Fevereiro, viajou até Cabo Verde para ajudar na prevenção de doenças orais. Esta foi a sua primeira experiência como voluntária, experiência essa que quer voltar a repetir. A forma como foi recebida e acarinhada traduziu-se num sentimento de “gratificação especial”.

Só recentemente é que Sónia Santos travou conhecimento com o VolunteerBook. Considera que o projecto é uma boa aposta, uma vez que a Internet é um “meio fortíssimo para qualquer área”. Sónia afirma, ainda, que “a existência de uma bolsa específica para voluntariado” é uma excelente ajuda porque, “desta forma, existe sempre algum local onde recorrer”.

Manuel Almeida, de 37 anos, já conhecia a aplicação. O coordenador de programação de software afirma que o VolunteerBook “expande o conceito da Bolsa do Voluntariado”, adaptando-o “à tão desejada internacionalização”. No entanto, considera que a falta de dinâmica em termos de “angariação ou participação nos dados existentes” não mudou.

Movido pela vontade de “tornar o mundo melhor”, sobretudo em termos de violência infantil, percebeu que tinha de se “aproximar da sociedade”. Foi assim que criou o blogue Missu Amplu e iniciou, também, voluntariado no Centro de Apoio aos Sem-Abrigo. Disponível para abraçar mais iniciativas, Manuel Almeida também não descarta a hipótese de criar projectos próprios. “No que toca a dar a mão ao próximo, a linguagem deve ser universal”, entende.