900 mil portugueses sofrem de doenças renais, 16 mil dependem de diálise ou transplante, um em cada dez portugueses sofre de Doença Renal Crónica (dados da Associação de Doenças Renais do Norte de Portugal).

Poucos portugueses têm consciência destes números e dos riscos que estas doenças podem provocar. “Olhe para os rins com o coração” é a mensagem da Associação dos Doentes Renais do Norte de Portugal (ADRNP) neste Dia Mundial do Rim. Para uma patologia sem cura como esta, a solução passa pela prevenção: exercício físico, alimentação equilibrada, cuidado com o sal, o álcool e o tabaco.

Aproveitando este dia, a ADRNP abancou na estação de São Bento para um rastreio de doenças renais. A fila foi crescendo a seguir à hora de almoço. Augusto Santos, membro da ADRNP, estima que já passaram pela “tenda” cerca de 150 pessoas desde as 9h00. “Fizemos uma estimativa de 300 a 400 pessoas até às seis da tarde. No final do dia, contabilizamos os pensos usados e já temos dados concretos”, adianta.

“Não nos limitamos a este dia para fazer prevenção” explica Viriato Gonçalves, igualmente membro da associação. Santa Catarina é um dos lugares habituais, “mas hoje deixaram-nos vir para aqui”. Farmacêuticos e médicos, “cedidos” à ADRNP por protocolos, medem a pressão arterial e a glicemia. “Aqui fazemos um pequena alerta a quem tem valores acima dos normais, explicamos o perigo e aconselhamos acompanhamento médico”, comenta Viriato Gonçalves.

Despertar consciências

Na tenda, José Soares, farmacêutico, adianta que a maioria das pessoas não está consciencializada para a doença renal e seus riscos. Pessoas com
diabetes, hipertensão, alterações na urina ou simplesmente com idade avançada têm de ter cuidados redobrados.

Na fila de espera não há jovens. A faixa etária das pessoas com interesse neste rastreio situa-se acima dos 50 anos. A única excepção é Francisco Madeira, de 38 anos. “Aproveitei o atraso do meu comboio para vir cá, mas não sabia da quantidade de pessoas que sofria desta doença”, comenta, apontando para o panfleto que é dado à entrada da estação.

Para Maria Branca Costa, 56 anos, estas iniciativas são importantes para que as pessoas tenham consciência do seu estado de saúde. “Tenho cuidado, embora seja mais complicado evitar alguns excessos na alimentação. Mas tenho por hábito fazer caminhadas todos os dias”, todavia prepara-se para medir, pela primeira vez, a glicemia.

O rastreio é gratuito e isso também traz muitas pessoas para a tenda. A Doença Renal Crónica não tem cura, obriga quem sofre dela a iniciar um programa de diálise e não escolhe sexo ou idade para atacar.