“A luta continua quando o povo sai à rua”, ouvia-se na Praça da Batalha, ponto de encontro de todas as pessoas que se juntaram ao movimento “Geração à Rasca” e decidiram manifestar-se na cidade do Porto, à semelhança do que aconteceu um pouco por todo o país. A organização fala em 80 mil manifestantes nas ruas da Invicta. A Polícia de Segurança Pública (PSP) fica-se pelos 50 mil.

Quem se encontrava na Batalha, ao início da tarde deste domingo, não conseguia ainda perceber o mar de gente que cobria as ruas circundantes.

De todos os que ousaram subir à escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, palco improvisado, Susana Silva foi quem mais conseguiu emocionar a plateia. A jovem tirou um curso superior em Torres Vedras, mas a falta de emprego obrigou-a a emigrar. Já fora do país, a situação mantinha-se. Voltou então para Portugal, onde canta e toca guitarra nas ruas para ganhar algum dinheiro. Nesta manifestação, Susana escolheu cantar a “Desfolhada” a alto e bom som, para gáudio dos presentes. “Arrepiante”, disse alguém no meio da confusão. Durante a interpretação, todos cantaram em coro.

“O precário deixou de ser otário”

Pouco passava das 15h00 quando a marcha teve início, passando pela Rua de Santa Catarina em direcção à Praça D. João I. No entanto, e devido ao facto do número de participantes ter superado o esperado, o grupo não se ficou por aí. A Avenida dos Aliados foi o local que se seguiu.

Pelo caminho, o som era quase ensurdecedor. Afinal, eram milhares de pessoas em uníssono, a gritar que “o precário deixou de ser otário” ou a pedir que “larguem o passeio e venham para o nosso meio”. A música dos vencedores do mais recente Festival da Canção, os “Homens da Luta”, foi das mais entoadas.

Ao apelo da organização responderam pessoas de todas as idades. Toda a gente presente tinha uma palavra a dizer à sociedade. Com cartazes e bandeiras mais ou menos originais, o objectivo era o mesmo: não baixar os braços perante as adversidades e exigir uma vida digna.

Muitos dos que estavam na Avenida dos Aliados manifestavam-se por solidariedade para com aqueles que vivem em situações precárias. Quiseram provar aos jovens que não estão sozinhos nesta luta.