À 23ª jornada, o FC Porto corre a todo o gás para a conquista do campeonato. Já o Benfica desistiu oficialmente.

Parecia que, em Braga, já tinha desistido da revalidação do título, mas o facto de Jorge Jesus não o ter assumido ainda acalentava as esperanças dos adeptos mais fervorosos. Contudo, se não o assumiu nas palavras, assumiu-o nos actos, ao apresentar um Benfica “B” frente ao Portimonense. Resultado: empate a um golo, perda de dois pontos, aumento da distância para o FC Porto, agora de treze pontos, e o perigo de ver os seus arqui-rivais sagrarem-se campeões no seu próprio estádio, daqui a duas jornadas.

Na época passada foram os encarnados que tiveram a possibilidade de carimbar a conquista do campeonato em pleno Dragão. Desta vez, não se pode dizer que o FC Porto procura uma vingança, visto que na altura os encarnados não conseguiram vencer no reduto portista, mas busca, certamente, a conquista do estádio inimigo. Tal como numa guerra (algo a que se assemelha esta rivalidade clubística), em que os territórios adversários têm mais valor, a consagração dos dragões no Estádio da Luz seria, para os portistas, ouro sobre azul.

Treze parece ser, assim, número de sorte e azar. Sorte para o Porto, que depois de vencer a União de Leiria, e de ver Benfica empatar no domingo, acomoda-se no primeiro lugar da tabela com treze pontos de avanço. Azar para o Benfica, pelo que já se sabe. Os encarnados empancam neste número que faz com que, mesmo que vençam na próxima jornada o surpreendente Paços de Ferreira (e se o Porto vencer na mesma ronda a Académica), pode determinar o afastamento matemático do primeiro lugar, se perderem com os portistas em Lisboa.

Candeias às avessas

Para a construção deste cenário, muito contribuiu Jorge Jesus que, com o pensamento na Liga Europa, deixou a descansar alguns jogadores (além dos castigados). Até Roberto deu lugar a Moreira. Mas não foi pelo guarda-redes português que o Benfica perdeu dois pontos; aliás, podia até ter perdido mais se os ferros da baliza de Moreira não tivessem dado uma ajuda. A falta de entrosamento entre jogadores foi notória, com falhas nas sequências de jogadas, e aproveitamento do Portimonense para contra-ataques perigosos, através de um Candeias venenoso. Carlos Azenha saiu da Luz com uma espécie de vingança pessoal, depois da goleada que lá sofreu na temporada passada.

Bomba foi a solução

Um jogo algo cinzento, o de Leiria. O FC Porto, talvez mais relaxado do que o costume, já com dez pontos de distância do Benfica garantidos, e sabendo que com o desaire dos rivais, do dia anterior, a coisa podia aumentar para treze, não entrou tão monopolizador do jogo como noutras partidas. Belluschi foi dando um ar da sua graça, mas foi só na segunda parte, com uma bomba de Guarín, inspirado por aquela que já tinha feito “explodir” na Rússia, que a vitória ficou garantida. Ainda houve tempo para Hulk reforçar a marca de melhor marcador da Liga (20 golos), através de um golo de penálti no último minuto. Vitória incontestável.