As Associações de Estudantes da UP têm-se juntado aos alunos na luta contra o atraso no resultado e pagamento das bolsas de estudo. A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), através da Associação de Estudantes, criou um Fundo de Emergência para alunos carenciados. “A Acção Social era parca e com o novo regulamento e normas técnicas de atribuição de bolsa piorou”, explica o Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da UP (AEFCUP), Cláudio Carvalho.

Cláudio Carvalho sublinha que “o fundo não pretende substituir o papel do Estado nem dos Serviços de Acção Social, mas sim prever situações de emergência, nomeadamente a situação eminente de desistência”. Acrescenta ainda que “será feita uma análise criteriosa dos casos que recorrerem a este fundo, premiando o mérito escolar, pois os alunos com boas notas terão um apoio mais substancial”.

O fundo conta com o apoio de entidades privadas, de actividades da Associação de Estudantes e contribuições que as pessoas queiram dar. O regulamento será apresentado a 24 de Março, Dia do Estudante.

FLUP lidera no número de bolseiros

Neste momento, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) é, segundo o Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da UP (AEFLUP), Francisco Mota, a faculdade com mais alunos bolseiros e candidatos da Universidade do Porto.

Francisco Mota realça a incoerência dos dados do Governo relativamente aos cortes na Acção Social no Porto, referindo que não são 15%. “Na verdade, os cortes rondam os 50%. Há, segundo os dados enviados pelos Serviços de Acção Social da UP (SASUP), 26,63% de candidatos que foram afastados devido às novas normas técnicas. 9,26% estão a receber bolsa transitória e há 5,58% de processos indeferidos”, explica o Presidente da AEFLUP.

A AEFLUP auxiliou todos os alunos que recorreram da sua candidatura à bolsa. “Fizemos, juntamente com a Federação Académica do Porto (FAP), um modelo de recurso e temos auxiliado aqueles alunos que têm muita dificuldade, ao ponto de não terem nada para comer, encaminhando-os para os SASUP para que lhes sejam dadas as senhas de refeição gratuitamente”, diz Francisco Mota. Têm também lutado contra “as leis retroactivas”, nomeadamente ao nível do aproveitamento.

“Desinvestir na educação não é ganhar dinheiro, é hipotecar o futuro”, Francisco Mota, sobretudo se a alternativa for pedir empréstimo à banca. De acordo com dados divulgados pelaSPGM, Sociedade de Investimento, desde 2007 já foram pedidos 150 milhões de euros à linha de crédito para estudantes universitários.

O descontentamento dos alunos é geral. Na FAP, os estudantes vão dirigir-se a Lisboa para assinar o livro de reclamações da Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) e, em Coimbra, as portas da Universidade vão fechar a 24 de Março, Dia do Estudante. Na Universidade do Minho, as acções de protesto estão ainda em discussão.