Mais de metade dos estudantes cujos pais frequentaram o ensino superior ou secundário obteve médias acima dos 15 valores, revela o estudo “À saída do Secundário”, realizado pelo Observatório dos Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) e pelo Gabinete de Estatísticas e Planeamento da Educação (GEPE), do Ministério da Educação. Em contrapartida, apenas um terço dos alunos tem igual classificação, quando falamos de jovens com pais que apenas concluíram o 1.º e 3.º ciclos.

Quando se fala de notas mais elevadas, 12% dos estudantes com pais com maior nível de formação obtiveram mais de 18 valores. Esse número desce para 2,2% quando se trata de alunos cujos pais têm menor nível de escolaridade.

Inês Fortuna frequenta o 12.º ano na Escola Secundária Garcia de Orta, no Porto. A mãe é licenciada, mas o pai não. No entanto, não nota diferença entre os dois. Inês admite que a educação dos pais influenciou a sua atitude na escola, porém as boas notas e o desempenho académico explicam-se pelas suas próprias ambições. “Tem a ver com aquilo que eu quero para mim, sempre quis ser o melhor possível”, explica.

Sobre os colegas, Inês afirma que “muitos dos maus resultados e falta de interesse na escola têm a ver com a educação e com os pais”.

Especialistas apontam outros factores

Teresa Domingos é psicóloga especializada na área de educação e explica que o nível sócio-económico influencia o desempenho dos estudantes. O facto de os jovens crescerem num ambiente familiar em que os pais são licenciados torna-se também fundamental porque incute a vontade de ter uma formação equivalente.

A psicóloga observa, contudo, que “nem sempre pais licenciados vão ter filhos motivados, nem o contrário”, pois há que ter em conta a “relação emocional e afectiva que os pais têm com os filhos e isso é independente do grau académico”. Os pais com um nível sócio-económico mais baixo poderão contornar os obstáculos da formação levando os seus filhos ao cinema ou ao teatro.

Helena Padrão é professora reformada do 3.º ciclo e ensino secundário. Segundo a sua experiência, os alunos com pais formados “têm uma assistência mais especializada nos trabalhos que têm que fazer”. A professora acredita que esta situação não é regra e culpa, também, a sociedade pelo que acontece aos jovens. “Premeia-se a esperteza saloia e nunca se premeia o mérito”, entende.