Imagine que vai na estrada e quer saber como está o trânsito ou que rota seguir. Num instante, e como se recebesse uma mensagem electrónica, tem acesso a todas as informações de que precisa.

Concebido em 2008 por investigadores do Departamento de Ciência de Computadores da (FCUP), o Drive-In consiste em criar uma rede de comunicação entre veículos, que permita disseminar dados entre eles, como se trocassem mensagens electrónicas. Segundo Michel Ferreira, investigador no projecto, a rede possui “características bastante próprias”, uma vez que “não tem infra-estrutura”, ou seja, é auto-organizada recorrendo apenas aos carros. Uma chamada para projectos no âmbito do programa Carnegie Mellon deu origem à candidatura Drive-In.

Um dos objectivos do projecto Drive-In é fornecer, em tempo real, informação sobre o fluxo de trânsito em vários pontos da cidade, disseminar a informação entre os carros e ter um navegador a calcular rotas através dessa informação. Os carros que circulam podem, também, em “função da sua mobilidade” percebida através de sensores, saber a velocidade a que se deslocam e o local onde se encontram, afirma Michel Ferreira.

Para além da informação de trânsito e da informação de eventos como a existência de gelo na estrada, aplicações mais avançadas são, igualmente, possíveis. Uma delas, explica o investigador, prende-se com a detecção de veículos considerados suspeitos pelas autoridades. A possibilidade de tornar um veículo “transparente”, ou seja, ver a estrada através do veículo da frente, é algo que também está a ser estudado no âmbito do projecto. Outra possibilidade avançada é a existência de semáforos virtuais instalados no interior dos automóveis.

Resultados a curto e longo prazo

Para o professor na FCUP, a capacidade da rede é uma “questão importante”, sobretudo porque em alguns locais da cidade o número de veículos a transmitir informação é de “tal forma elevado” que podem existir “problemas de interferência”. A segurança é a “principal motivação” deste projecto, mas também a “eficiência no trânsito” e o aumento da “capacidade de entretenimento” dos viajantes.

Quando a ideia surgiu, “já se falava em existir legislação” no sentido de os carros novos terem capacidade de comunicação rápida entre si. Para , o estudo da rede de comunicação torna-se “muito mais interessante” quando se sabe que, em 2013, os carros vão “massivamente ter este sistema”. No entanto, tem consciência de que a “renovação do parque automóvel” é algo que vai demorar “muito mais anos”.

A participação no projecto de 500 viaturas da Ráditaxis no Porto já produziu frutos. É possível agora, por exemplo, chamar um táxi por sms, que indica automaticamente o local de recolha. Mas a contribuição não se fica por aqui. Espera-se que a rede de comunicação seja totalmente testada nas 500 viaturas no final do projecto. Entretanto, até ao Verão, cem protótipos vão ser instalados.

Em termos da rede, pretende-se começar a testar protocolos desenhados especificamente para estas redes. O investimento no projecto Drive-In é estimado em quase um milhão de euros. O fim oficial do projecto dá-se em Junho de 2012, mas Michel Ferreira avança a probabilidade de ser estendido até o final do próximo ano.