O Governo cairá se o PEC for rejeitado no Parlamento, garantiu José Sócrates em entrevista à SIC, esta terça-feira, 15 de Março. Caso este cenário se verifique, o Governo deixa de ter condições para governar e a realização de eleições é o passo seguinte.

Sócrates admitiu ainda uma recandidatura, se houver eleições antecipadas, garantindo que não volta a cara às dificuldades. No entanto, o primeiro-ministro sublinhou que fará tudo para evitar uma crise política: “não quero acreditar que a irresponsabilidade dos partidos os leve tão longe. Espero que todos caiam em si”.

Uma crise política, neste momento, teria, segundo Sócrates, “custos gravíssimos”: “dez anos de opróbrio, pelo menos cinco anos fora dos mercados, perda de prestígio e influência no mundo”, enumerou o primeiro-ministro. Defendeu ainda que “agravaria os riscos de financiamento da nossa economia e levaria Portugal a pedir uma intervenção externa”.

A entrada do FMI significaria “acabar com o 13º mês, reduzir o salário mínimo, despedimentos na função pública. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu, esta quarta-feira, 16 de Março, que, se as novas medidas de austeridade não forem aprovadas no Parlamento, “Portugal vai ser empurrado para a ajuda externa”.

O novo PEC foi apresentado em Bruxelas na passada sexta-feira, 11 de Março, e vai a votos na Assembleia da República (AR) já na próxima semana.

Oposição já reagiu às declarações de Sócrates

A oposição critica o novo pacote de medidas de austeridade. O PSD acusou o primeiro-ministro de “lançar a confusão e confundir os portugueses”, disse à Agência Lusa o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Montenegro.

Em reacção à entrevista de José Sócrates, o PCP acusou o primeiro-ministro de adoptar uma ” postura de vítima” quando “as verdadeiras vítimas são os que sofrem as consequências das políticas” do Governo, disse à Lusa Jorge Pires, da Comissão Política do PCP.

O Bloco diz que o primeiro-ministro colocou o país entre o “pântano e o dilúvio”, ao dar a escolher aos portugueses entre a política de José Sócrates e o FMI, afirmou o deputado João Semedo.

Já o CDS-PP acusa o primeiro-ministro de ser o grande responsável pela crise política, ao apresentar novas medidas de austeridade sem informar o Presidente e o Parlamento.