A peça é de Jacinto Lucas Pires e a encenação de Nuno Carinhas e de Cristina Carvalhal. Estará em cena em dois momentos, o primeiro dos quais a partir desta quinta-feira, 17 de Março, e até 17 de Abril, no Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto.

De 28 de 28 de Abril a 1 de Maio no Teatro Nacional de São João, no Porto.

“Exactamente Antunes”
é uma peça adaptada a partir do romance “Nome de Guerra”, de Almada Negreiros e conta a história de um homem da província que vai para a cidade “à procura da sua identidade”, do seu “exactamente Antunes”, como explica Nuno Carinhas. Confuso com a vida citadina, Antunes é obrigado a aprender os códigos “para poder sobreviver.”

Durante o espectáculo, Antunes vive uma busca por si mesmo, auxiliado pelas restantes sete personagens – incluindo o seu anjo da guarda -,que acabam por ser a sua própria consciência.

A história é contada num cenário simples, onde apenas é possível ver uma mesa com algumas cadeiras, um divã, duas grafonolas e duas árvores que se unem de cima para baixo, como uma espécie de espelho e de controvérsia. O jogo de sons e de luzes permite alguma dinâmica durante a peça, mas o ambiente mantém-se sempre calmo.

Almada Negreiros “aparece” durante a peça para narrar a história e é apresentado como o próprio autor, através de uma personagem. Veste um fato-macaco, que ele próprio idealizou, com um “A!”, de autor, nas costas. Faz-se acompanhar de um microfone de pé antigo.

Segundo Nuno Carinhas, o maior desafio desta peça foi conseguir adaptar um romance como o “Nome de Guerra”, com textos muito fragmentados, que se assemelham a guiões de cinema. O objectivo foi construir um “território” comum para que não existissem “solavancos no tempo.” No entanto, apesar desta “história bem portuguesa” ter sido escrita há quase um século, “as coisas mantêm-se iguais”.

Cristina Carvalhal foi inicialmente convidada para encenar sozinha “Exactamente Antunes”, mas preferiu criar uma dupla com Nuno Carinhas. “Achei que tinha de ser feito a meias porque torna o trabalho de encenação menos angustiante”. Caracteriza a peça como “surpreendente” e com “múltiplos sentidos e ambiguidades”.

O objectivo desta produção teatral é, de acordo com Carinhas, “relembrar Almada Negreiros e o próprio Jacinto Lucas Pires. O cruzamento entre ambos é perfeito”.