O episódio ocorreu em 2001 quando a antiga fábrica de Siderurgia Nacional da Maia depositou toneladas de resíduos nas antigas minas de São Pedro da Cova, em Gondomar. Já passaram dez anos, mas só agora foi conhecida a verdadeira natureza dos resíduos depositados. O estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) confirma as dúvidas levantadas pela junta de freguesia de São Pedro da Cova e revela que os resíduos são nocivos para a saúde pública da população da região.

O estudo encomendado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) revela que as concentrações de chumbo estão muito acima dos valores permitidos por lei e devem ser removidos rapidamente. Daniel Vieira, presidente da junta de freguesia de São Pedro da Cova, lamenta “que só passados dez anos, e depois de vários alertas às autoridades competentes, sejam conhecidos os resultados”.

O autarca refere que, para além da rápida remoção dos resíduos, outras medidas devem ser tomadas. “Consideramos que é necessário perceber até que ponto pode haver consequências na qualidade da água da região, a nível da saúde pública da população e também ter em conta o crime ambiental que aqui foi cometido”, refere.

Daniel Vieira acrescenta que “pelos prejuízos que o caso traz à própria freguesia, a região deve ser compensada pelo depósito” e exige uma “recuperação ambiental e paisagística do espaço e a valorização do terreno que se encontra ao abandono e visivelmente degradado”.

“É fundamental que se apurem responsabilidades”

Rui Berkemeier, responsável pelo grupo de resíduos da Quercus, afirma que o depósito foi ilegal e que “foi autorizado pelo Ministério do Ambiente contra todas as directivas comunitárias sobre resíduos”. O especialista refere que “é altamente provável que se tenha dado o arrastamento desse metais, através das águas da chuva para as águas subterrâneas, até porque já se passaram dez anos”.

Conhecidos os resultados, pedem-se agora as responsabilizações. Para o presidente da junta de freguesia de São Pedro da Cova “é fundamental que se apurem responsabilidades relativamente a este crime, nomeadamente, com as entidades governamentais que na época, apesar dos alertas que foram feitos, autorizaram a deposição dos resíduos, mas também me refiro ao Ministério do Ambiente, na altura a cargo de José Sócrates”.