Ângelo de Sousa, que faleceu ontem, no Porto, aos 73 anos, foi um artista que “nunca se resignou àquilo que já tinha sido feito”, tendo explorado ao longo da sua vida “outras possibilidades de trabalho”. Para João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, o pintor foi “original” e “ímpar”.

Ângelo César Cardoso de Sousa nasceu em Moçambique. Aos 17 anos, foi estudar para a Escola Superior de Belas-Artes, no Porto, onde terminou o curso de pintura com 20 valores, acabando, mais tarde, por integrar o seu corpo de docentes, entre 1963 e 2000.

Em 1959, realizou a sua primeira mostra na Galeria Divulgação, no Porto, ao lado de Almada Negreiros. Na década de 1960, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council frequentou a Slade School of Art e a Saint Martin’s School of Fine Art. Mais tarde, em 1968, formou com os colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues o grupo “Os Quatro Vintes”, assim chamado por todos terem tido a classificação máxima na licenciatura.

Ângelo de Sousa era um homem das Artes. Dedicou-se à escultura, à fotografia, ao cinema e à ilustração.

Mas foi a pintura que marcou a vida artística de Ângelo de Sousa, influenciada pelo expressionismo de Mondrian e Kandinsky. O pintor moçambicano inspirava-se nas gravuras orientais, nas artes exóticas e em representações primitivas. Ângelo de Sousa recebeu diversos prémios nacionais e internacionais ao longo do seu percurso artístico.

O pintor distinguiu-se como um dos mais reconhecidos artistas portugueses contemporâneos. Com uma obra fruto da procura exaustiva e da “exploração de todas as possibilidades de trabalho”, Ângelo de Sousa deixa ainda “muita coisa por descobrir”, diz João Fernandes.

O seu corpo está em câmara-ardente na igreja de S. João Foz e, segundo a Lusa, o seu funeral realiza-se, na manhã de sexta-feira, no cemitério do Prado do Repouso.