A Juventude Socialista (JS) do Porto promoveu um debate sobre “Políticas Culturais na Cidade do Porto”, no espaço Maus Hábitos, que comemora dez anos em 2011. Esta iniciativa, integrada no “Fórum Porto com Ideias”, teve como oradores João Torres, João Fernandes e Manuel Pizarro. Tiago Barbosa Ribeiro, da JS Porto, esteve responsável pela moderação do debate.

Em discussão estiveram temas como a actual situação da cultura na cidade, a gestão de equipamentos culturais existentes e as estratégias autárquicas que devem ser implementadas no campo da cultura.

João Torres, presidente da Federação Distrital do Porto da JS, referiu, na sua intervenção, que os direitos culturais dos cidadãos apenas podem ser efectivados se existir uma “acção colectiva, concertada, não apenas de iniciativas isoladas, de organizações esporádicas”.

“É fundamental haver uma orientação e uma interpretação de uma estratégia por parte da autarquia, coisa que no Porto não existe”, apontou João Torres. O jovem socialista disse, ainda, que é necessária a adopção de uma postura empreendedora e proactiva, contrariando a “visão comodista, imperialista e conservadora, que tem sido praticada pela Câmara Municipal do Porto”.

Para o presidente do PS Porto, Manuel Pizarro, “hão há nenhuma hipótese de afirmar uma produção cultural do Porto sem uma autonomia de gestão das autarquias”. Manuel Pizarro destacou a “importância económica da produção cultural”. A ideia fundamental da intervenção do líder do PS Porto é respectiva à identidade da cidade do Porto e à sua importância.

João Fernandes, director do Museu de Serralves, criticou o facto de, em Portugal, não existir “um programa de descentralização da vida cultural portuguesa”. Por esse motivo, João Fernandes referiu a importância de se “repensar seriamente o grau de autonomia e de profissionalismo das instituições culturais criadas pelas autarquias”. O facto de “a democracia ao nível das autarquias” estar condicionada “à questão das eleições e da gestão de planos” foi bastante discutida, bem como a falta de “investimento por parte do Estado na vida cultural” na cidade do Porto.

A iniciativa Porto Capital Europeia da Cultura 2001 foi outro dos temas em voga durante o debate. “Período de excelência para a cultura do Porto”, foi assim que João Torres se referiu a esta iniciativa. No entanto, o presidente da Federação Distrital do Porto da JS também disse que era “um momento que carecia de uma estratégia de continuação na política do concelho do Porto”, algo que na sua opinião não aconteceu.

“Houve uma negação da herança que a cidade recebeu da liderança, da gestão de Fernando Gomes”, criticou João Torres. O não aproveitamento das potencialidades do Porto 2001 foi algo “extremamente prejudicial para o conselho do Porto”, acrescentou.