O vencedor da edição deste ano do PortoCartoon – World Festival foi Zygmund Zaradikiewicz. A obra do polaco, uma casa com satélite e várias câmaras de videovigilância, remete, segundo Luís Humberto Marcos, para o “drama da hipervigilância” e o “risco do aumento da solidão humana”. Já não é a primeira vez que Zygmund Zaradikiewicz participa no festival. Em 2009, no tema Crises, alcançou o 2.º lugar.

O francês Plantu, do Le Monde, participou pela primeira vez no PortoCartoon e obteve o segundo prémio. Luís Humberto Marcos explica que o artista representa, no seu cartoon, o “poder da militarização global”, a “força do fundamentalismo islâmico” e a “força do jornalismo”. A obra marca “a actualidade e a força do jornalismo”, acrescenta.

Em terceiro lugar ficou o português Fernando Saraiva, com a escultura “Homem Digital”. Foi a primeira vez que uma escultura mereceu um dos grandes prémios do concurso. O director do museu Nacional da Imprensa considerou a peça muito “bonita do ponto de vista escultórico”, apontando para um elemento fundamental na mesma:”o dedo da descoberta”, que não anda sozinho, mas está “preso a duas pernas”.

Devido à elevada qualidade dos trabalhos referida pelos elementos do júri foram, também, atribuídas 19 menções honrosas.

Os trabalhos vão ser expostos a partir de 23 de Junho, na Rua das Artes. No Museu Nacional da Imprensa ficam até ao final do ano. Depois, Luís Humberto Marcos, quer espalhar os cartoons pela cidade para que se “respire humor”, pois, diz o director do museu citando Eça de Queiroz, “rir é tão poderoso como a palavra”.

Qualidade e número de participações em destaque

Esta edição do PortoCartoon foi “muito marcante para o Museu Nacional de Imprensa e para o PortoCartoon”, pois “é aquela que, de uma forma substantiva, fez ultrapassar todos os indicadores das edições anteriores”, realçou o director do museu.

O PortoCartoon teve a concurso cerca de 2200 trabalhos e mais de 600 artistas, provenientes de 80 países. O Irão foi o país com maior participação. Para Luís Marcos, é de realçar “a forma como os artistas do Irão tentam fugir às limitações censórias e ditatoriais trazendo o seu olhar sobre o Mundo cá para fora”. Para além do Irão, o Brasil, a Turquia, a Roménia e Portugal tiveram imensa representatividade no concurso.

A decisão para a escolha dos melhores trabalhos não foi fácil. No entanto, todos os jurados encontraram um ponto “de acordo”: todos admiraram “a qualidade dos resultados finais”. “O patamar geral das obras elevou-se de tal maneira que nós (júri) encontramos muito bons trabalhos”, finaliza Luís Humberto Marcos.