Marta Pedro nasceu em Coimbra, em 1980. O interesse pelo Japão foi crescendo ao longo dos anos, através de leituras. A arquitecta tinha um “forte interesse” em relação à cultura urbana do país, principalmente por Tóquio, que classifica como um “laboratório de experiências urbanas e arquitectónicas”.
A primeira viagem que Marta Pedro fez ao Japão foi no âmbito de uma pesquisa para a prova final da licenciatura em Arquitectura, pela Universidade de Coimbra. A arquitecta considera que a viagem se deu no “tempo e espaço ideais” para encontrar as respostas às questões que tinha.
Inicialmente, a viagem devia ter “tempo limitado”, cerca de seis meses. A verdade é que “já passaram mais de seis anos”, lembra. Marta Pedro pensa que conhecer o Japão não é algo que se faça a curto prazo, “tem de existir um compromisso”. A forma de estar e de viver dos japoneses é muito diferente da dos portugueses, há um “ritmo muito particular” no Japão, diz a arquitecta.
Foi tudo isto que a levou a ficar e ter vontade de descobrir mais. Aprendeu a língua sem nunca ter tido aulas. A arquitecta considera-se “muito aventureira” e amante de desafios. Optou por iniciar a sua actividade profissional independente, por querer “explorar conceitos” sozinha.
O que inspira Marta Pedro na arquitectura do Japão é a “visão”. Há uma “forma de olhar o espaço”, sem alguns dos preconceitos que o Ocidente ainda tem em “termos de privacidade, fronteiras e limites”, afirma . Há também uma” flexibilidade de pensamento” e o “interrogar de alguns conceitos” que se têm como adquiridos.
Marta Pedro considera-se uma “privilegiada”, mas acredita também que isso foi fruto do seu “trabalho, determinação e persistência”. A arquitecta não tem dúvidas de que a estadia no Japão a tem “enriquecido” de maneira significativa.
Desde 2006 que é professora convidada na Universidade de Meiji, em Tóquio. A experiência de ensino é, para a arquitecta, “muito gratificante”. Nota uma “admiração tremenda” por parte dos japoneses pela arquitectura portuguesa e um “conhecimento de fundo” sobre a arquitectura que se produz em Portugal. Aliás, a arquitecta já deu várias conferências sobre o tema.
Marta Pedro venceu a sexta edição do prémio Fernando Távora, com a proposta “A Song to Heaven ou o Japão Sublime em Frank Lloyd Wright: da viagem de 1905 ao Legado na Arquitectura Moderna Japonesa” e vê o prémio como uma oportunidade para explorar mais aprofundadamente o tema que deu origem à sua proposta de viagem.
Quanto ao Pritzker atribuído a Souto Moura, a arquitecta diz ter sentido um grande orgulho. Para Marta Pedro, o reconhecimento em relação ao arquitecto português é inteiramente merecido.
Em relação a um possível regresso a Portugal, a arquitecta afirma que não é algo que esteja, para já, nos seus horizontes.