Qualidade e preços competitivos são os pontos fortes da indústria de curtumes portugueses. O sector tem vindo a crescer nos últimos dois anos e ganha agora reconhecimento internacional.

Marcas como Prada, Armani, Dior, Christian Loubotin, no ramo da moda, e Toyota, Skoda, Mitsubishi e Citroën, no ramo automóvel, são alguns dos clientes de luxo das empresas portuguesas. Entre os clientes portugueses, destaca-se a marca Cavalinho, conforme disse Gonçalo Santos, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes (APIC), ao JPN.

O principal destino da produção é o sector do calçado, o qual “consome cerca de 70% da produção”, seguindo-se o sector automóvel, imobiliário e moda. Na opinião de Gonçalo Santos, “a indústria atingiu um estágio de maturidade em termos de desenvolvimento”. Apesar de nos últimos anos o número de empresas e o volume de negócios ter diminuído, as empresas que resistiram estão a apostar cada vez mais na qualidade dos produtos.

Entre 2008 e 2009, houve uma quebra de cerca de 5% nas exportações, adianta o secretário-geral da APIC. Contudo, essa tendência tem sido invertida nos últimos dois anos. Desde 2010 que o sector “tem observado um ligeiro crescimento”, sendo que em 2010 a quota exportadora situou-se nos 34%.

Para a inversão dos resultados contribuiu a participação das empresas em diversas feiras internacionais. “A internacionalização e a exportação”, afirma Gonçalo Santos, têm contribuído para o crescimento do sector, seja através da exportação directa para clientes internacionais, seja pela venda dos produtos a empresas nacionais que depois exportam.

Núcleos criativos são o futuro da indústria

Segundo o secretário-geral da APIC, a indústria portuguesa já antingiu patamares de qualidade “semelhantes” e “competitivos” aos das principais concorrentes, as indústrias italiana e espanhola. Além disso, Portugal dispõe de uma vantagem competitiva ao nível do preço dos produtos.

Porém, a marca “Made in Italy” ainda prevalece no mercado internacional. Um produto de origem portuguesa não tem tanto peso no mercado quanto um produto italiano, explica Gonçalo Santos.

O secretário-geral da associação aponta duas debilidades ao sector. Por um lado, não tem marcas portuguesas que sejam reconhecidas internacionalmente, por outro não tem a capacidade de “antecipar modas” e “estar na linha da frente do que de melhor se faz em termos mundiais”.

Para inverter essa tendência, as marcas portuguesas devem, na opinião do directo da APIC, apostar em “maiores núcleos de criação de tendências de moda”, pois, no mundo da moda, é importante “conseguir antecipar o que se vai consumir” no futuro.

PME’s também apostam no mercado internacional

A indústria de curtumes portuguesa “é mais flexível” do que a espanhola e italiana, afirma António Novo, gerente da empresa Curtumes Aveneda, em declarações ao JPN. Em Portugal, esta indústria tem “uma dimensão mais reduzida” daí que, na opinião do gerente, esteja mais disposta a “fazer encomendas mais pequenas, a ser mais diversificada” e “versátil”.

A Curtumes Aveneda, uma PME com cerca de 40 colaboradores, está no mercado há mais de 30 anos, mas apenas na última década começou a exportar os seus produtos. Os principais clientes são estrangeiros, sendo que no mercado nacional, os principais clientes são a indústria de calçados, refere António Novo.